O relógio instalado na Praça da Paz Celestial faz a contagem regressiva para o início da mais cara edição dos Jogos Olímpicos. Faltando exatos 200 dias para o evento, a cidade de Pequim tenta se reinventar para receber a demanda de turistas e atletas no mês de agosto e desviar as atenções da mídia das questões extra-esportivas que rondam a competição. Enquanto centenas de trabalhadores transformam arquiteta e estruturalmente a capital chinesa, o governo luta para sanar antigos problemas relacionados a segurança, direitos humanos, meio ambiente e qualidade alimentar. “Nenhum país é imaculado quando o assunto são os direitos humanos. Nenhum país está qualificado para fazer comentários injustificados sobre a situação dos direitos humanos em outro”, disse Jiang Yu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, à “Reuters”, em resposta às críticas recebidas pelo governo dos Estados Unidos na última semana após a prisão de um dissidente chinês em território americano. “O povo chinês é aquele que melhor conhece a situação dos direitos humanos na China”, completou Jiang, rechaçando qualquer tentativa de ?politização? dos Jogos. Outra preocupação latente das autoridades locais está relacionada à poluição em Pequim. No ano passado, cerca de 400 mil novos carros foram incluídos à extensa frota que a cidade já possui. Além disso, as obras para a construção de um canal que será usado para levar água reserva para os Jogos, proveniente da vizinha Hebei, foram aceleradas na sede do evento esportivo. Com isso, os cidadãos de Pequim esperam ficar livres das desconfianças geradas em torno do projeto de saneamento e higienização da cidade. O governo da capital chinesa também anunciou na última semana um investimento de 22,1 bilhões de yuanes (R$ 5,3 bilhões) para suprir o aumento das necessidades de energia elétrica durante as Olimpíadas, quando são esperados cerca de 500 mil visitantes na cidade.