Quem acompanha a Copa do Mundo pela imprensa e também pelas redes sociais é impactado por imagens belíssimas, torcedores sorrindo, estádios recém-inaugurados, cartões-postais das cidades-sedes e comidas deliciosas. Não há nada de errado com isso, afinal os organizadores da Copa querem passar essa imagem de felicidade, bem como aquele seu amigo que tirou alguns dias de férias para assistir algum jogo do outro lado do mundo. Mas…
Numa Copa onde as partidas ocorrem em tantas cidades diferentes (são 11 na Rússia) e com distâncias continentais, acompanhar uma seleção específica tem seus momentos de perrengue. Nesta fase de jogos eliminatórios de oitavas e quartas de final, o Brasil joga em duas cidades médias, pouco conhecidas pelos turistas e mal servidas em transporte: Samara e Kazan ficam ambas a cerca de mil quilômetros de Moscou, e são raros os voos e trens que se destinam diariamente a estes locais. Desta forma, quem não apostou com antecedência na classificação do Brasil em primeiro do grupo, tem que se desdobrar para chegar lá.
Foto: David Pinski
No meu caso, saí de Samara para Kazan de avião com uma “singela” escala de 20 horas em Ufa, capital e maior cidade da República do Bascortostão. Além da demora, o avião movido a hélice teve um problema mecânico antes da decolagem depois da escala. E tome mais 7 horas de espera no aeroporto até tentarem consertar. Benditos pilotos e mecânicos, que consertem tudo direitinho e bola para frente! Outros amigos irão de trem, numa viagem de 12 horas, saindo a 1 hora da madrugada. Um outro está num ônibus que tem previsão de 8 horas de viagem, em poltronas estreitas e frequentemente com alguns roncadores a bordo.
Em todos estes casos, manter o bom humor e ter criatividade para encontrar como passar o tempo é fundamental para que uma experiência de uma vida não se transforme em irritação e mau humor. Todos que vieram para a Rússia sabiam que seria mais cansativo assistir daqui do que do conforto da poltrona de casa.
Voltaremos todos com muitas histórias na memória e contando o tempo para a próxima Copa, para passarmos, felizes e orgulhosos, por novos perrengues no Qatar.
* David Pinski é louco por futebol há 42 anos, marketeiro há 21 e está na sua 2ª Copa do Mundo