A decisão da Globo de abrir a venda pela internet do pay-per-view do Brasileiro, mesmo num valor altíssimo para não canibalizar o sistema da TV por assinatura, já foi um primeiro indício. Agora, o anúncio de que a Fox desistiu de exibir no Fox Sports a LaLiga, para impulsionar as vendas do Fox Premium, o seu aplicativo, reforça a nova realidade para as TVs no Brasil.
O streaming, finalmente, passou a ser prioridade para as emissoras. O movimento já vinha crescendo nos últimos anos, desde que a ESPN começou o projeto do Watch, sua plataforma de vídeos pela internet. Mas, agora, claramente, as TVs acreditam que a venda direta ao consumidor é uma solução para a queda de arrecadação provocada pela saída de assinantes das operadoras de TV por assinatura.
O problema, porém, é que continuamos a adotar um modelo brasileiro, sem um ordenamento muito claro do que queremos. Não há uma ruptura direta com as operadoras, como o Netflix provocou nos EUA e, agora, as empresas de mídia decidiram ir atrás. Da mesma forma, há uma tentativa de se preservar o ecossistema das operadoras, com um preço alto ao consumidor e pouca flexibilidade de oferta.
No meio desse caminho, fica a sensação de que o Brasil já entendeu que streaming ao vivo é importante. Não são só as séries e filmes que podem ser vistas por dispositivos móveis ou pela internet. E isso deve ter um impacto grande para o esporte nos próximos anos. A partir do momento que popularizarmos o uso do streaming para acompanhar os eventos, abriremos mais um meio de se consumir esporte.
E isso, a princípio, só pode acontecer a partir do momento em que a televisão abraçar o streaming. A Copa do Mundo mostrou, em diversos países, que o hábito de ver um evento ao vivo está mudando. Cada vez mais as pessoas assistirão aos jogos por meio de dispositivos móveis. Na Inglaterra, por exemplo, os números surpreenderam.
Por aqui, ainda que timidamente, temos consumido mais o esporte por meio de transmissão de dados. O futebol, naturalmente, vai abrindo a porta para os demais. O movimento que a Globo faz com o Premiere é importante para entender essa nova realidade, conseguir projetar o streaming como plataforma real para geração de receita e, mais ainda, criar uma forma de contato direto com o consumidor de esporte.
As TVs finalmente acordaram para o streaming. E o esporte precisa, urgentemente, trabalhar para ser ele o protagonista dentro dessa nova realidade.