Em 2013, a Major League Soccer (MLS) traçou um planejamento que tinha como meta fazer com que a liga de futebol dos Estados Unidos fosse, em 2022, uma das mais importantes do mundo. Um grupo de executivos da MLS veio inclusive ao Brasil para observar oportunidades de crescimento aqui.
Dentro do diagnóstico montado pela MLS, sabia-se que a melhoria da qualidade do jogo disputado na liga era o primeiro fator de desenvolvimento necessário. Uma pesquisa feita um ano antes no mercado de lá mostrava que o torcedor local queria ver jogos de futebol, mas não aquele que era praticado pelos atletas da MLS.
A primeira medida tomada pelos executivos da liga foi tentar começar a importar mais talentos do futebol mundial. Beckham era o nome mais estrelado desde Pelé a jogar por lá. Kaká também esteve por Orlando. Agora, Schweinsteiger, Ibrahimovic e Rooney desfilam pelos gramados norte-americanos.
Em comum, além do apelo de mídia que eles possuem, está o fato de serem jogadores que estão muito longe do auge que tiveram outrora, quando disputavam a Liga dos Campeões da Europa.
Mesmo procurando burlar a regra de limite salarial, a MLS não consegue competir com o mercado exterior. Os melhores estão na Europa, os jovens talentos na América do Sul e os mais interessados em grana migraram recentemente à China.
O futebol, nos Estados Unidos, segue precário. Passaram-se os dez anos estipulados pela MLS, e o país até regrediu, sem a vaga para a Copa do Mundo de 2018. Sem os melhores em campo atuando localmente, o mercado americano encontrou outra forma de fazer o futebol ganhar mais atratividade local: importar grandes eventos.
Primeiro foram as principais seleções mundiais a jogarem por lá. Depois, a pré-temporada dos grandes da Europa. Agora, a LaLiga e o sonho da Liga dos Campeões.
Essa nova realidade não deixa de ser uma boa notícia para o mercado da bola, principalmente na América do Sul. Caso a MLS fosse bem-sucedida no plano de ter uma liga fortalecida, teríamos dois polos de migração de jogadores. Sem os americanos para roubar nossos talentos, continuaremos a ter a Banda B da bola jogando por aqui e seguiremos sendo o celeiro de futuros craques para o mercado.
Os americanos não conseguiram subir o nível de seu futebol. Prova de que o sistema de gestão das ligas esportivas de lá depende, necessariamente, da produção local de talentos. Fica a dica para o esporte na América do Sul de como ser forte novamente.