O anúncio da entrada da Coca-Cola numa equipe de Fórmula 1 é daquelas notícias que servem para o mercado parar e pensar um pouco na simbologia que isso representa.
A empresa de refrigerantes talvez seja um dos melhores representantes do conceito de construção de marca via patrocínio esportivo. Desde a década de 1920 que a Coca patrocina os Jogos Olímpicos. Há quase 50 anos está na Copa do Mundo. E há décadas que se faz presente nas grandes competições esportivas mundiais. Agora, em pleno 2018, a marca decide se aproximar do universo da Fórmula 1. Não é por acaso.
A renovação de imagem da F1 provocada pelo grupo Liberty Media começa a levar, para as equipes da categoria, esperança de que será mais fácil vender suas propriedades às marcas. Tradição, alcance global, audiência cativa e projeto de expansão de marca em mercados estratégicos são algumas das características dessa nova F1.
A própria Coca-Cola considera entrar em quatro corridas na reta final da categoria um teste para alçar voos maiores. E, quando as empresas começam a agir dessa forma, é sinal de que a propriedade mostra ao mercado que ela dá retorno.
O caso mostra, claramente, o impacto que a gestão das entidades esportivas tem no negócio do esporte como um todo. Hoje, no Brasil, o maior problema enfrentado é mostrar que a gestão das entidades esportivas sobrevive ao vaivém político.
Durante as décadas em que ficou sob o comando de Bernie Ecclestone, a Fórmula 1 passava ao mercado a imagem de uma competição ultrapassada, que perdeu o bonde da história. A politicagem que caracterizava Bernie sufocava a categoria.
Quantas modalidades no Brasil não enfrentam problema semelhante?
Raras são as exceções. Entre as confederações olímpicas, judô, rúgbi e vela são algumas das poucas a mostrarem uma gestão diferenciada. Não por acaso, são aquelas que conseguem ter menor dependência da verba pública. Entre as competições, o NBB tem larga vantagem sobre os concorrentes. No futebol, a fuga de empresas multinacionais mostra que alguma coisa não vai tão bem quanto poderia ir.
Por isso, em novembro próximo, o 1° Fórum Máquina do Esporte será uma plataforma para mostrar ao mercado que existem boas soluções já praticadas por aqui. Auxiliar no fomento da indústria é uma das missões da Máquina do Esporte desde 2005. O fórum é só o começo de uma nova etapa de nossa empresa em direção a isso.