É enorme a ferida que sangra o Brasil atualmente. Numa eleição em que elevamos as fake news para o status de “fake fuck news”, precisamos agora repensar todas as nossas atitudes recentes e reprogramar nosso chip.
A bandeira do “fair play” foi levantada pela Fifa depois que Diego Maradona levou a Argentina ao título mundial de 1986 graças a um gol de mão. A sabotagem aos próprios colegas de profissão rompia com os princípios do esporte. Por mais corrupta que fosse a Fifa, ela precisava levantar a bandeira de que os atletas jogavam limpo.
O problema, porém, é que o esporte profissional cobra a vitória a qualquer preço. A simulação no futebol ou o doping em outros esportes são meios para as vitórias.
Esse, hoje, talvez, seja o nosso grave problema como humanidade. Fomos estimulados, desde sempre, a competir para ganhar. Nossa história primitiva é de brigar pela sobrevivência. Evoluímos muito ao longo dos milênios e, hoje, começamos em diversas partes do mundo a viver um processo em que colaborar em vez de competir significa, no fim das contas, progredir.
Trocar competição por colaboração talvez seja o passo fundamental que o Brasil tenha de dar nesse instante. O jogo em equipe é vital para melhorarmos nossas vidas e entendermos que, no fim das contas, é só na união que conseguimos progredir. Isso não significa sermos todos iguais, mas agirmos de comum acordo em torno de um objetivo. E o esporte, para isso, é escola.
Hoje, a corrupção está para o país como o doping para o esporte. Chegou-se a um nível tal que ela está impregnada dentro da sociedade. Precisamos retomar o conceito de que o jogo precisa ser limpo. Corromper, deixar-se corromper ou fazer vistas grossas para a corrupção é uma forma de autossabotagem.
O problema, porém, é o conceito que ainda temos da vida em sociedade. Encararmos a vida como uma eterna competição é o primeiro fator para abandonarmos o jogo limpo logo de cara.
O esporte foi o meio encontrado pelos povos para substituir a barbárie por uma competição sadia, mas que ainda tem graves defeitos, como o de dar as glórias apenas para o vencedor.
É hora de percebermos que fazemos todos partes do mesmo time. Se trocarmos a palavra competição por colaboração, conseguiremos entender o maior valor que existe dentro do esporte, que é nos prepararmos para conquistar um objetivo.
O jogo limpo precisa mobilizar a sociedade. Só assim seremos capazes de, realmente, alcançar alguma vitória que seja valiosa para todos.