A decisão da Copa Conmebol Libertadores deveria ser, com sobras, o maior evento esportivo da América Latina. É o grande momento do esporte mais popular da região. Mas não. Normalmente, é simplesmente tosco. Neste ano, foi completamente vergonhoso. O porquê dessa dificuldade não pode ser uma questão que continue a passar batido no mercado.
Por acaso, a questão surge justamente no mesmo período do 1º Fórum da Máquina do Esporte. Em muitas das dificuldades que eventos esportivos passam no Brasil, não há isoladamente uma notável incompetência ou má vontade. Não há como dizer que a Argentina não sabe organizar uma partida de futebol ou que a renovada Conmebol, com a IMG e a Perform por trás, não tem capacidade de fazer um grande torneio. Ainda assim, o que resta é a final adiada entre Boca Juniors e River Plate.
O que falta ao mercado é a capacidade de se unir por um objetivo comum. Entidades esportivas têm que entender as necessidades do mercado, e as grandes empresas têm que saber os caminhos para tirar o melhor proveito do segmento. A mídia, seja a especializada como a Máquina do Esporte, ou os grandes donos de direitos esportivos, têm que abraçar torcedores e consumidores, unidos a todos os outros agentes que formam esse mercado.
E assim caminham agências, empresas, torcedores e mídia, sempre juntos. O problema é que há pouco espaço para o diálogo, para que cada um consiga lidar com as melhores práticas do mercado. Não é algo simples e não é algo que acontece da noite para o dia. A Libertadores não será o que desejamos imediatamente, mas escutar os diferentes caminhos para o sucesso é o primeiro passo para que todos cheguem às melhores expectativas.
O mercado esportivo é bastante peculiar. Basta pensar que um clube esportivo, por exemplo, tem três clientes distintos, com objetivos bem diferentes: o torcedor, a mídia e o patrocinador. Pensar em um denominador comum em silêncio é uma missão praticamente impossível. Por isso, para quem quer o desenvolvimento do mercado, é preciso saber falar, ouvir, trocar ideias, sugerir e aceitar críticas.
Caso o 1º Fórum Máquina do Esporte fosse em outra data, provavelmente haveria outro exemplo de evento esportivo problemático no Brasil e na América Latina. Essa é a realidade momentânea. Mas encontros dão força ao desenvolvimento do esporte. Precisamos conversar para ver um espetáculo entre Boca e River.