O segundo painel do 1o Fórum Máquina do Esporte teve como tema o “Compliance no esporte”. Mediado por Ian Cook, diretor da consultoria especializada em investigações corporativas Kroll, o debate contou com as presenças de Daniela Castro, do movimento Pacto Pelo Esporte, e Agustín Danza, CEO da Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu).
Antes de qualquer coisa, uma explicação. Para quem não sabe, nos âmbitos institucional e corporativo, compliance é “o conjunto de disciplinas para fazer cumprir normas legais e regulamentares, políticas e diretrizes estabelecidas para um negócio e para as atividades de uma instituição ou uma empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer”.
Em sua apresentação, Ian Cook comentou alguns casos em que a Kroll foi contratada para investigar determinadas situações no esporte brasileiro. Por aqui, um dos casos mais conhecidos foi a final do Campeonato Paulista de 2018 entre Palmeiras e Corinthians. A empresa analisou toda a situação que envolveu a arbitragem e a possibilidade de haver existido interferência externa em um pênalti marcado e depois desmarcado a favor do Palmeiras no segundo jogo da decisão.
“Hoje, somos contratados para diversas situações. Uma delas é quando um clube vai contratar um jogador. Somos responsáveis por analisar o que aquele atleta costuma fazer em suas redes sociais, se ele será um bom influenciador para aquele time e para aquelas marcas que patrocinam o clube em questão”, contou Cook.
Em seguida, Daniela Castro explicou o papel do movimento Pacto Pelo Esporte, que é um acordo entre mais de 30 empresas patrocinadoras do esporte brasileiro com o objetivo de contribuir para a cultura e a prática de uma gestão profissional, moderna e eficiente do segmento. A iniciativa, inédita no mundo, foi promovida pela Atletas pelo Brasil, entidade formada por esportistas e ex-atletas de diferentes modalidades e gerações que lutam pelo desenvolvimento do esporte e do país.
Por último, Agustín Danza falou sobre os objetivos da CBRu desde 2010. Além de apoiar e estimular o desenvolvimento do rúgbi no país (já são mais de 30 milhões de interessados no esporte por aqui), a confederação tenta dar exemplo de governança fora dos gramados, seguindo sempre os conceitos de compliance no esporte.
A discussão girou em torno da importância que as marcas dão atualmente para a transparência e em não estarem ligadas a algum clube, atleta ou até confederação que estejam envolvidos em escândalos, em especial de corrupção. O patrocinador está cada vez mais preocupado na questão reputacional. É primordial não ter a marca ligada a algo que seja criticado pela sociedade.
Outro fator destacado foi o lado político, que tem aparecido cada vez mais em questões de compliance. Já há algum tempo, as empresas, clubes e federações estão preocupados em saber lidar com a situação de ter alguém politicamente exposto dentro da própria associação. A credibilidade da entidade precisa ser colocada como prioridade sempre e, por isso, é necessário que aquela determinada pessoa jamais esteja envolvida em corrupção ou outros tipos de atos ilícitos.
“Somos cuidadosos na escolha de parceiros. Procuramos escolher e nos unir àqueles que possuem credibilidade, porque sempre damos prioridade a acordos de longo prazo. Queremos sempre estar aliados a empresas que compartilham nossos valores e com quem consigamos ter realmente verdadeiras parcerias”, resumiu Agustín Danza.