Demorou alguns anos, mas cada vez mais os clubes brasileiros têm aprendido a trabalhar melhor com as novas arenas. A grande lição é que as arquibancadas não funcionarão como enormes caixas eletrônicos de bilheteria. Ganhar dinheiro com os estádios é um processo, e o público é fundamental.
Hoje, parece que a maior parte das equipes já tem em mente que arquibancadas cheias formam o primeiro caminho para um maior sucesso financeiro, mesmo se a bilheteria não for a esperada em curto prazo. Com uma multidão, há vendas, apelo, sócios e, no fim, vitórias, o principal objetivo de qualquer clube de futebol do país.
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O Flamengo representa a mudança mais emblemática nessa ideia. O clube tentou impor ingressos impraticáveis no início do uso no novo Maracanã. Em 2014, por exemplo, uma partida foi marcante nessa caminhada. No duelo contra o Madureira, menos de 3 mil pessoas assistiram ao time mais popular do país. Para estar presente no estádio, pelo Campeonato Carioca, o ingresso mínimo era de R$ 60.
Já no último fim de semana, em partida que não valia nada para o time, o Flamengo conseguiu o recorde de público do Brasileirão: foram 63 mil pessoas para assistir ao jogo contra o Atlético Paranaense, com um tíquete médio de apenas R$ 11.
Neste Brasileirão, o Flamengo teve impressionantes 47 mil pessoas de média de público, sempre com ingressos mais razoáveis; o tíquete médio ficou em R$ 28. Com a medida, levantou quase R$ 30 milhões de bilheteria e lutou pelo título.
O ajuste de preço fez com que sete times da Série A registrassem mais de 20 mil pessoas por partida, e apenas o São Paulo não atuou em uma arena nova. O curioso é que o time do Morumbi, apesar dos anos de idade do local, é provavelmente o clube que melhor trabalhe com estádio no país. Soluções comerciais são implementadas nas arquibancadas há mais de uma década, inclusive com o ajuste de preços de ingressos.
Os títulos recentes do futebol brasileiro, por outro lado, mostram que as novas estruturas têm vantagens que vão além da parte comercial. Esportivamente, os estádios modernos têm representado um fator decisivo para as equipes. Times como Corinthians, Atlético Paranaense e Grêmio têm aproveitamento superior ao apresentado em seus antigos estádios. É uma mistura de atmosfera e excelência de equipamentos.
Isso só não pode servir de plataforma de acomodação. Apesar do bom começo, ainda há muito o que ser desenvolvido comercialmente nas novas arenas do Brasil.