A entrada com mais peso da Samsung nos e-Sports revela uma tendência recente de algumas marcas de decidir apostar nesse universo para uma estratégia de comunicação institucional. Só nos últimos meses, marcas como a operadora Sky, Reserva e até Smart Fit decidiram apostar no segmento.
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A questão que fica, porém, é até que ponto o investimento em e-Sports passa a ser uma estratégia que faz sentido para as necessidades da marca ou não deixa de ser uma espécie de “deslumbramento” da marca em busca de um público sobre o qual ainda não se tem pleno conhecimento, apenas o fato de ser jovem e ultraconectado.
Isso exige do investidor um maior aprofundamento da visão sobre o que é, de fato, e-Sports. As pesquisas sobre o setor dão conta de que o universo gamer é um grande grupo composto de gente de várias idades, com enorme número de mulheres.
O problema é que essas pesquisas dão uma falsa impressão sobre quem é de fato o público que é impactado numa ação dentro do universo gamer. Uma analogia que usamos em algumas consultorias já prestadas sobre esse segmento é a do tênis para corrida. Quantas pessoas compram tênis? Quantas, de fato, são corredoras?
Essa diferenciação é importante para entender o público que se busca alcançar numa ação voltada para os e-Sports. Não se pode cometer o equívoco de achar que há um grupo enorme de pessoas que serão impactadas com uma ação tendo como base as pesquisas que indicam que há milhões de praticantes de games. Porque esses levantamentos quase nunca levam em consideração o detalhe primordial, que é o nível de relacionamento que essa pessoa tem com as competições de e-Sports.
É bem provável que nós sejamos considerados gamers nessa pesquisa. Mas isso não significa que iremos acompanhar partidas no Twitch, que estaremos on-line torcendo para o PoBox47 (o nome é fictício), ou que seguiremos o Gordox no Instagram.
No mundo “real”, duvido que as marcas decidiram apostar em corrida só porque há muita compra de tênis para corrida. É preciso pensar bem o que se quer ao investir em e-Sports. Até porque, dentro desse universo, também existem várias subdivisões.
É impossível, atualmente, ignorarmos a força que tem no mercado o segmento de games. Só que é preciso ter claro quais os objetivos que se quer ao fazer uma ação nele para o investimento não virar frustração. Vender produtos eletrônicos parece ser uma ação perfeitamente lógica. Mas não para quem só joga Candy Crush no celular.