No fim de 2018, uma visão geral sobre o esporte dá uma enorme sensação de desânimo. Em um mercado em que há tantos profissionais empenhados em transformar o segmento no país, com tanta evolução nos últimos anos, ainda se vê tanta gente comprometida em jogar contra.
O caso mais recente é da Confederação Brasileira de Basquete que quer bater cabeça com o Novo Basquete Brasil, o Campeonato Nacional da modalidade organizado por uma liga independente de times, a LNB. O NBB é, provavelmente, o melhor case do país. A competição ganhou força ao longo dos anos, se tornou sustentável e atrativa ao mercado. E surgiu justamente no momento em que a confederação não tinha nenhuma capacidade de gerir o torneio. E agora virou problema.
Talvez a Confederação tenha argumentos válidos para pedir por mudanças, mas as ameaças públicas tornam qualquer reivindicação irrelevante. O basquete, por disputas internas de poder, está lutando contra o melhor produto do esporte nacional. É uma briga sem sentido nenhum.
O caso é só uma amostra do poder de autodestruição do esporte brasileiro. Se dá certo, alguém tentará atrapalhar.
NBB tem ampliado o número de patrocinadores nos últimos anos / © Divulgação NBB
Neste fim de ano, outro exemplo notável foi o modo como Eduardo Bandeira de Mello foi retirado do Flamengo. O antigo presidente foi o principal responsável por recolocar o time de maior torcida do país na saúde financeira. Além do controle de gastos, o clube se tornou campeão em faturamento, com uma forte relação com patrocinadores. Mas isso não foi o suficiente porque alguém entendeu que os resultados esportivos não foram como o desejado. E o mandatário saiu da Gávea como um dos mais improváveis vilões do esporte nos últimos anos.
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A capacidade do esporte de se autoboicotar passa pelas alas políticas do esporte nacional. O ano será encerrado com mais uma tentativa de impeachment de um presidente eleito de clube, o Fluminense. Em 2018, o Santos também passou pelo mesmo processo, algo que gera enorme insegurança na agremiação e afasta pretendentes comerciais das equipes. O tumulto constante dos bastidores reforça que esse não é um mercado confiável, não é um segmento com alto nível de profissionalização.
É difícil expulsar aqueles que têm interesses próprios mais fortes do que o interesse em tornar o esporte um negócio sustentável. Fica, portanto, o desejo de que em 2019 o autoboicote consiga ser driblado cada vez mais facilmente.