Os números apresentados pela Federação Paulista de Futebol (FPF) mostram que o streaming para eventos de menor apelo popular já pode gerar uma propriedade comercial considerável. Dois milhões de visualizações representam um terreno interessante para a comunicação de marcas, especialmente se a ferramenta da transmissão der opções para além da exposição.
Em uma primeira impressão, pode parecer que 2 milhões para 156 jogos não é muito. Afinal, qualquer jogo exibido pela Globo passa fácil desse número. Mas, nesse caso, a média deve ser desconsiderada. O que importa é a entrega final que a Federação Paulista consegue dar mesmo com jogos que, em teoria, têm pouquíssimo apelo.
O streaming, é verdade, ainda não é uma ferramenta fácil. Para entregar uma experiência satisfatória para o torcedor, necessita-se de uma estrutura que não é simples e também não é barata. Nessa barca, muitas entidades esportivas fracassam. Elas apostaram na transmissão, mas da maneira mais rudimentar possível. O resultado é pífio porque dificilmente agrada ao público.
É essa balança que a Copa São Paulo tenta equilibrar, graças a novas parcerias. Ter uma transmissão agradável em 156 jogos em um período de duas semanas é uma experiência surreal. E os custos precisam valer a pena. Agora, com a força de 2 milhões de visualizações, a federação pode pensar no próximo passo: um grande aporte para as exibições on-line.
E já há precedente. Em 2018, a Federação Paulista teve a ideia de fazer transmissões com apenas profissionais mulheres no Campeonato Paulista de Futebol Feminino. Foram 18 jogos exibidos com a estrutura criada. E, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, a entidade fechou patrocínio com a Amanco e a Savegnago. Nesse caso, houve a força dos grandes times no projeto. Somente o jogo entre Corinthians e Ferroviária, por exemplo, teve mais de 130 mil visualizações.
O streaming esportivo ainda se divide em dois mundos distintos. Um é o meio alternativo aos grandes eventos, com grandes marcas do meio de comunicação. O outro ainda é um pouco difícil de visualizar o futuro, com os torneios que não estão na mídia e usam as transmissões na internet para terem uma distribuição que não existia antes. É o caso dos jogos alternativos da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
O futuro fica mais claro para o segundo grupo com os caminhos que se abrem. Se as exibições forem sustentáveis, o streaming mudará parte do esporte.