A primeira consequência que terá para o futebol a saída da Caixa é uma readequação dos valores pagos pelo patrocínio máster dos uniformes. A revelação de que o Corinthians receberá R$ 12 milhões fixos do BMG é a prova de que o mercado já começa a regular o quanto vale o show.
Sim, é muito valioso e interessante o negócio que Corinthians e BMG firmaram. Mas não podemos cair no conto do vigário de que será uma parceria que gerará valores exorbitantes para o clube paulista, como quiseram fazer crer seus dirigentes.
Para que o Corinthians consiga dobrar o valor que receberá da camisa, precisará fazer, em um ano de plataforma de negócios funcionando, exatamente o mesmo que o BMG conseguiu em 2017. Com um detalhe. O BMG tem quase 4 milhões de clientes. O Corinthians traçou como primeira meta chegar a 200 mil consumidores.
Mas o negócio é bom. Dentre os negócios reais de patrocínio que existem hoje no Brasil, o acordo do Timão talvez seja o mais valioso. O clube tem R$ 12 milhões do BMG na parte frontal da camisa e outros R$ 8 milhões da Positivo nas costas.
O caso de amor insano entre Palmeiras-Crefisa-FAM não pode ser colocado na conta de patrocínio esportivo, já que os valores pagos pelas empresas são muito acima de qualquer valor de mercado.
Então, o que resta aos clubes que estarão órfãos da Caixa fazer é trabalhar para buscar marcas dispostas a investir entre R$ 5 e R$ 10 milhões por ano, agradecendo caso apareça alguém com tanto fôlego assim.
O projeto da Caixa no futebol foi bastante proveitoso para a marca da empresa, mas o maior problema que ele deixou foi a percepção de que o mercado estava com valores próximos daqueles fechados pela estatal. É preciso, agora, reorganizar as vendas e readequar os preços.
No futebol brasileiro, Corinthians e Flamengo vão determinar o teto de investimento para os patrocinadores. Mais do que R$ 15 milhões pela frente e pelas costas da camisa é uma meta quase impossível de ser alcançada. Quem conseguir de fato um contrato nesses valores pode tentar algo de longo prazo.
Por isso mesmo, a estratégia do Corinthians em firmar uma parceria de cinco anos com o BMG é excelente. Por mais que o valor fixo garantido seja aparentemente menor que o esperado, ele está absolutamente dentro da nova realidade de mercado.
Quem determina o quanto vale um patrocínio não é quem vende, mas sim quem tem o dinheiro disponível para comprar. O mercado voltou a dar as cartas.