O começo da gestão de Jair Bolsonaro na presidência do Brasil tem sido marcado por polêmicas, que vão do infame vídeo pornográfico no Twitter ao caso Queiroz. Mas nada se compara ao corte integral de salários de pesquisadores brasileiros, por meio da suspensão de bolsas da Capes. A medida atinge diretamente o desenvolvimento do país, em um duro golpe realizado por aqueles que deveriam prezar pela nação. Não existe defesa para a medida aplicada.
O ataque à pesquisa científica prejudica não só o desenvolvimento acadêmico, mas todo o mercado, inclusive o esportivo. No esporte, por sinal, há uma enorme carência de estudos, mas o segmento tem se beneficiado da crescente relevância nas universidades, com levantamentos que envolvem partes diversas da área, do desenvolvimento social ao maior desenvolvimento comercial dos grandes produtos.
A receita, por sinal, é muito bem conhecida pelos países mais ricos do mundo. Neste ano, por exemplo, a Alemanha já anunciou o investimento de € 160 bilhões no ensino superior e em pesquisa científica para a próxima década. A justificativa é a “prosperidade em longo prazo” do país europeu.
Nos Estados Unidos, segundo a Fundação Nacional de Ciência, o Governo Federal investiu US$ 118 bilhões em pesquisa somente em 2017. O valor foi distribuído entre universidades, ONGs e setores industriais. Dentro das universidades, mesmo com a força do setor privado, 60% do investimento em pesquisa é do Governo Federal, segundo dados da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
No Brasil, a justificativa oficial recai sobre o redirecionamento ao ensino básico, algo que não aconteceu. Sobrou também para a suposta “balbúrdia” realizada pelas universidades públicas, termo usado pelo ministro Abraham Weintraub. É um argumento tacanho de quem nunca frequentou os corredores das principais instituições do país e finge não ter ideia dos avanços realizados nas mais diversas áreas por pesquisadores brasileiros que trabalham em condições muito abaixo do ideal.
É compreensível que Bolsonaro seja inimigo da ciência. Medidas esdrúxulas como o armamento da população exigem a cegueira de estudos; o embasamento aniquila as iniciativas do atual governo. O obscurantismo da era da “pós-verdade” chegou ao Planalto, e agora precisa ser democraticamente combatido. Caso contrário, estes quatro anos custarão demais às próximas gerações.