A Federação de Futebol dos Estados Unidos (US Soccer) e as 28 jogadoras que fazem parte da seleção nacional (USWNT) e processaram a entidade em março por causa da desigualdade salarial e de condições de trabalho concordaram em sentar para conversar em uma tentativa de resolver a questão. O debate será realizado após o término da Copa do Mundo de Futebol Feminino, que tem a final marcada para 7 de julho.
O assunto vem sendo tratado com olhar atento pela imprensa americana. Nos últimos dias, ganhou ainda mais repercussão, depois que o The Wall Street Journal revelou que a equipe feminina gerou mais receita que a masculina entre 2016 e 2018. Enquanto as mulheres arrecadaram US$ 50,8 milhões no período, os homens conseguiram US$ 49,9 milhões.
Foto: Reprodução / Twitter (@FIFAWWC)
A publicação ainda relata que, há oito anos, durante a disputa da Copa do Mundo, o mesmo estudo revelou que os homens geravam quase 20 vezes mais faturamento que as mulheres. De lá para cá, as americanas, que já eram bicampeãs mundiais, conquistaram mais um título, o tri, em 2015, e alavancaram a receita a ponto de ultrapassarem os homens, que nunca chegaram nem a uma semifinal de Mundial e sequer se classificaram para a última Copa na Rússia.
Ainda de acordo com o The Wall Street Journal, o processo movido pelas jogadoras americanas critica o fato de que, entre março de 2013 e dezembro de 2016, período do último acordo de negociação coletiva, as mulheres não poderiam ganhar mais do que US$ 99 mil, ou US$ 4.950 por jogo, para disputar 20 jogos em um ano. O valor seria 62% menor do que um membro da seleção masculina poderia ganhar com o mesmo número de partidas.
Atualmente, as jogadoras do USWNT, que são de clubes da Super Liga Nacional Feminina (NWSL), recebem um salário de clube e benefícios pagos pela US Soccer, além de bônus por jogar com a seleção nacional. Os jogadores masculinos, muitos dos quais jogam no exterior, recebem salários e benefícios muito maiores de seus clubes, além de bônus da US Soccer quando atuam pela seleção.
A imprensa americana afirma que, embora uma mediação seja um bom sinal e torne uma resolução mais provável, não é garantia. Ao contrário de um juiz, um mediador não terá poder para emitir uma decisão juridicamente vinculativa. Se qualquer dos lados rejeitar o veredicto, o litígio provavelmente será retomado. Além disso, para complicar ainda mais a situação, se a US Soccer concordar com as exigências das jogadoras, terá que alterar seu acordo de negociação coletiva que já foi assinado.
Enquanto a situação fora de campo continua em debate, a seleção feminina americana vai fazendo seu papel no gramado. A equipe derrotou a Espanha por 2 x 1 nas oitavas de final do Mundial e enfrentará a França, algoz do Brasil, nas quartas de final. O jogo está marcado para a próxima sexta-feira (28).