A Copa América deste ano fecha um ciclo de grandes eventos ocorridos no Brasil. Deveria, portanto, ser o ápice na realização de um torneio do tipo, após passar por experiências como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Mas não. O torneio sul-americano tem apresentado falhas inacreditáveis. E, independentemente de quem é a culpa, a imagem de amadorismo fica para o país organizador, que deveria estar em outro estágio.
Poucos casos deixaram a má organização tão clara quanto o jogo entre Colômbia e Chile na Arena Corinthians. A partida começou com 20 minutos de atraso porque os chilenos pegaram trânsito e simplesmente não chegaram a tempo. Com um detalhe importante: a equipe ficou hospedada na região da Berrini, em São Paulo. Aparentemente, em uma das maiores cidades do mundo, ninguém pensou na importância da localização do hotel, a mais de 30 km de Itaquera. Um inacreditável erro de logística.
E este esteve longe de ser o único erro. A precificação dos ingressos, por exemplo, tem se mostrado completamente equivocada. Uma decisão ruim que nem a transmissão do torneio, pelo SporTV, tem perdoado. E com razão: a cada partida com arquibancadas vazias, o constrangimento não é só da organização mas também da mídia que faz a cobertura do torneio.
Outra questão que tem sido pública é a qualidade dos gramados. Após o Estado ter injetado cerca de R$ 7 bilhões em estádios para a realização da Copa do Mundo de 2014, as estruturas têm se mostrado falha. Isso sem considerar que duas das arenas do torneio deste ano simplesmente não estiveram no Mundial da Fifa, uma decisão que também é difícil de entender.
Para completar, ainda teve problemas com retirada de ingressos, com credenciamento de jornalistas e até mesmo com banho em local de treinamento. O lateral da seleção brasileira Filipe Luís reclamou em entrevista coletiva da falta de água quente no Pacaembu. A sorte do jogador é que estava 19°C em São Paulo. Nesta próxima sexta-feira (5), a previsão é de que fará menos de 10°C.
Evidentemente, organizar uma Copa América não é simples, e a gestão do torneio não é a mesma das competições anteriores. Mas, pela imagem do país e do mercado esportivo nacional, o que se esperava era a excelência. Cenas de várzea, como atraso de 20 minutos, não são aceitáveis nem em torneios menores. Após os megaeventos mais recentes, é frustrante ver esse tipo de problema. Copa e Olimpíada também tiveram dificuldades, mas estiveram em um nível claramente acima.