Já era grande a distância que separava o Brasil da Europa na gestão do futebol. E, pelo tanto que os europeus evoluíram nas duas últimas décadas, e o tanto que regredimos no tempo e no espaço, entramos agora em uma nova fase de distanciamento para o que existe de melhor na promoção do esporte.
Há 15 anos, em palestras e aulas, costumava dizer que ninguém se aproximava dos esportes americanos quando o assunto era o marketing. Os Estados Unidos é que inventavam o marketing esportivo, enquanto os europeus estavam cerca de 20 anos para trás dos americanos e os sul-americanos se encontravam 30 anos atrasados.
O que mudou nesses últimos tempos? O europeu, percebendo que estava perdendo espaço para o americano, tratou de seguir o modelo adotado pelas ligas daquele país e também passou a investir na qualificação das pessoas na indústria. Assim, as decisões passaram a ser mais técnicas e embasadas, agilizando o crescimento mundial das marcas dos principais clubes.
Hoje, a Europa está com cerca de 5 anos de defasagem para os Estados Unidos. E, muito provavelmente, só está porque a própria cultura europeia é avessa ao capitalismo mais puro em sua origem, o que faz com que o americano ainda seja mais agressivo e inovador que o europeu.
E o Brasil?
Bem, o futebol sul-americano tem deixado evidente que o abismo que nos separa do restante do mundo só cresce. Os direitos comerciais do Campeonato Brasileiro mostram a dificuldade que temos em pensar estrategicamente no negócio do futebol, perdendo-nos no egoísmo clubista.
Atualmente, quando os clubes brasileiros ainda não conseguiram entender que marketing não se resume a vender uma cota de patrocínio, mas a fazer com que mais pessoas tenham acesso e possam consumir a sua marca, vemos a Europa entrar num novo nível de sofisticação e expansão de negócios pelo mercado de games.
As grandes produtoras de jogos virtuais perceberam a força que as marcas dos clubes têm para expandir seus negócios, enquanto o futebol europeu percebeu que essas empresas são um ótimo atalho para encontrar o novo tipo de torcedor.
Se, antes, era difícil para o sul-americano se inserir no contexto do futebol mundial por conta da distribuição comercial de seus jogos, agora o limite passa a ser a nossa capacidade de gerar negócios globalmente. O futebol europeu se aproxima cada vez mais da vanguarda americana. Nós seguimos com 30 anos de atraso. Pelo menos…