Apresentação de jogador veterano com grande festa no Morumbi, presença de outros ídolos e milhares de torcedores nas arquibancadas. A descrição serve para a chegada de Daniel Alves ao São Paulo, nesta terça-feira (6), mas também para o evento que marcou o retorno de Kaká ao clube paulista, em 2014. Não é coincidência. O time tem no episódio passado um exemplo a seguir.
Por esse espelho, a aposta do São Paulo não é exatamente ousada; o clube segue um modelo que tende a dar certo. Basicamente, o marketing são-paulino faz barulho porque sabe que tem um jogador fisicamente capaz de mostrar regularidade e tecnicamente acima da média do futebol nacional. Com a marca potencializada, Daniel Alves não precisa ser brilhante para ser capaz de fazer a arrecadação subir.
Foi assim com Kaká. Mesmo em apenas poucos meses, o jogador se mostrou útil em campo, o suficiente para que a torcida o abraçasse, muito graças à ausência de grandes ídolos no Brasileirão. O resultado foi notável. Rapidamente, o clube paulista somou mais sócios-torcedores. Nas arquibancadas, o time chegou a ter a melhor média de público do Brasileirão.
Ou seja, com um nome de impacto e uma apresentação decente em campo, não é preciso grandes malabarismos de marketing para ter retorno. O São Paulo deverá fazer o básico com o jogador: usar em ativações, potencializar patrocinadores, vender produtos licenciados. Banco Inter e Adidas, por exemplo, deverão se beneficiar diretamente com a chegada do atleta. Com público e sócios, a conta da operação deve fechar sem grandes dramas.
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Essa noção do time afasta o São Paulo de outras aventuras realizadas por times brasileiros na última década. Ronaldinho Gaúcho no Flamengo ou Alexandre Pato no Corinthians foram fracassos porque os atletas renderam pouco em campo. Mas eram verdadeiras apostas, com jogadores que já não rendiam em alto nível há um tempo considerável. Não é isso o que o São Paulo fará com Daniel Alves.
Essas apostas ganharam força com a chegada de Ronaldo ao Corinthians. Em 2009, no entanto, tratou-se de uma operação especial. Primeiro, porque o time fez uma sociedade com o atleta, um modelo de menor risco. Além disso, a marca do Fenômeno é incomparável.
De qualquer maneira, o São Paulo pode dar, pela segunda vez em poucos anos, uma demonstração de que grandes craques geram grandes retornos. Desde que, claro, eles ainda tenham o mínimo de valor dentro das quatro linhas.