Qual é a audiência que a transmissão do futebol na TV aberta consegue alcançar? A resposta a essa pergunta é praticamente impossível de ser feita, mas os índices obtidos pela Globo nas últimas quartas-feiras indicam que o futebol parece ter mostrado que tem uma “audiência mínima” garantida para a televisão, pelo menos no horário mais nobre de sua transmissão.
Faz quatro semanas que, em São Paulo, a Globo tem transmitido, às quartas-feiras, jogos que não são de equipes do estado. Os duelos entre Flamengo e Emelec, pela Copa Libertadores, e os jogos Cruzeiro 0x1 Internacional e Grêmio 2×0 Athletico-PR, pela Copa do Brasil, ocuparam a grade de transmissão da emissora nesse período. Três dessas quatro partidas obtiveram o mesmo índice de audiência, 23 pontos, o que representa 4,6 milhões de pessoas. A participação de TVs sintonizadas na emissora no horário também foi a mesma nas três ocasiões: 36% entre todas as TVs ligadas.
No Rio de Janeiro, os números foram bastante similares, com 22 pontos no duelo entre Cruzeiro x Internacional e 23 pontos na transmissão de Grêmio x Athletico-PR.
Cruzeiro x Internacional teve transmissão nacional pela Globo (Foto: Reprodução / Twitter (@CopadoBrasil))
Os índices de São Paulo e Rio de Janeiro são os principais usados pelo mercado publicitário para balizar as estratégias de campanha na mídia. Por isso, os números constantes obtidos pela Globo nessas duas regiões acabam dando um motivo para que a emissora comece a estudar adotar cada vez mais as transmissões nacionais, pelo menos nas partidas da noite de quarta-feira, quando a audiência é maior.
Nas próximas duas semanas, com a transmissão de Flamengo x Internacional pelas quartas de final da Copa Libertadores, a audiência obviamente deve estourar no Rio de Janeiro e tende a aumentar também em São Paulo. O motivo para isso, porém, é a fase mais aguda da competição. Nos dois duelos flamenguistas pela Libertadores, isso ficou mais claro. A classificação decidida apenas nos pênaltis obteve 25 pontos de audiência em São Paulo, na média, com os minutos decisivos tendo mais audiência. Como agora a Libertadores encaminha a decisão de uma vaga para a semifinal, a tendência é que haja maior atratividade na segunda partida transmitida ao vivo.
Prática comum nos anos 80 e começo dos anos 90, a “nacionalização” das transmissões foi abortada pela Globo em meados dos anos 90, quando a emissora começou a perder audiência nos programas dominicais. Para fortalecer a audiência e não perder faturamento publicitário, a emissora regionalizou as transmissões. Isso ajudou a Globo, mas reduziu bastante o apelo do futebol como produto nacional.