A Amstel, cerveja do grupo Heineken que é patrocinadora oficial da Libertadores, lançou, no final da semana passada, o “Torcedor Artificial”. Trata-se da primeira inteligência artificial que simula o comportamento dos torcedores on-line e que vai interagir com as pessoas de acordo com o que aprendeu na internet.
De acordo com a Amstel, o projeto é inédito e pretende impactar as torcidas de forma positiva, mostrando que o comportamento agressivo do torcedor não pode ser maior do que a paixão pelo time. O “Torcedor Artificial” foi criado após um estudo do Google mostrar que os brasileiros estão buscando mais sobre violência e futebol: o número de pesquisas envolvendo termos relacionados aos dois assuntos cresceu mais de 30% entre 2018 e 2019.
Foto: Divulgação / Amstel
“Já tínhamos noção de que a Libertadores é o campeonato mais aspiracional para o torcedor brasileiro, porém só entendemos realmente o que isso significa após iniciarmos nossa parceria com o campeonato em 2017. Na Libertadores, o torcedor exprime toda sua paixão pelo seu time, o que é incrível, porém as vezes há um exagero que não é saudável. Com o ‘Torcedor Artificial’, queremos demonstrar que, apesar de existir violência e agressão no futebol, a paixão pelos nossos times do coração sempre pode prevalecer e virar o jogo”, explicou Renan Ciccone, gerente de marketing da Amstel.
Nos primeiros meses da Libertadores, o “Torcedor Artificial” ficou exposto aos comentários reais publicados em sites e nas redes sociais. A consequência: tornou-se um torcedor agressivo, intolerante, que responde às interações de forma ríspida, deixando de lado o espírito esportivo amigável.
A Amstel, então, decidiu convidar as pessoas a mudarem esse cenário de violência e intolerância, reeducando o “Torcedor Artificial”. Após responder às perguntas do “personagem” neste site, o participante é convidado a interagir de forma amistosa, ensinando à inteligência artificial uma forma de torcida mais positiva.
O projeto foi desenvolvido pela Amstel, em uma iniciativa conjunta com a agência J. Walter Thompson, o The Zoo, time de criativos do Google, e a produtora MediaMonks.
“Na prática, os comentários recebidos passam por um sistema para que possamos extrair sua estrutura e significado, e seguem para uma base de dados. É aí que entra um algoritmo customizado de inteligência artificial para fazer o treinamento da rede neural, capaz de criar comentários espontâneos com base em acontecimentos reais dos jogos ou perguntas de usuários”, revelou Rafael Fittipaldi, diretor de criação da MediaMonks.
“Com este projeto, a Amstel mostra que não quer apenas patrocinar a Libertadores, mas sim colaborar para melhorar o campeonato mais cobiçado da América do Sul utilizando recursos de tecnologia para conscientizar os torcedores de que futebol não é sobre ódio. É sobre paixão”, afirmou Ricardo John, presidente da J. Walter Thompson.
Vale lembrar que, em 2018, a final da Libertadores teve que ser adiada em função do ataque de torcedores do River Plate ao ônibus que levava a delegação do Boca Juniors para o Estádio Monumental de Núñez. Pedras e bombas de gás de pimenta foram arremessadas, e estilhaços dos vidros feriram jogadores como o capitão Pablo Pérez, que sofreu um corte no braço e uma lesão no olho esquerdo.
Por conta disso, a final acabou sendo disputada na Europa pela primeira vez na história do torneio sul-americano. O River Plate acabou vencendo o Boca Juniors por 3 a 1 no Estádio Santiago Bernabéu, que pertence ao Real Madrid.