A Usada (United States Antidoping Agency), agência antidoping dos EUA, colocou a Nike no centro do escândalo envolvendo o técnico Alberto Salazar, que era patrocinado pela marca e desenvolvia dentro dela o projeto “Nike Oregon”, que treinava atletas para provas de longa distância.
A agência revelou que Mark Parker, CEO da companhia, trocava e-mails e estava ciente de que Salazar ministrava experimentos com substâncias para melhorar performance de atletas. Algumas trocas de mensagens foram reveladas pela Usada.
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Salazar foi, na última terça-feira (1º), descredenciado do Mundial de Atletismo de Doha (Qatar), após investigação independente da Usada descobrir que ele fez os testes em 2009, dentro do programa “Nike Oregon”. Ele e o médico Jeffrey Brown, que também trabalhava para a Nike, estão suspensos preventivamente por quatro anos.
Mark Parker fala em evento sobre o projeto “Nike Oregon” (Foto: Reprodução)
Na troca de e-mails entre os três, Parker é informado por Brown sobre resultados de testes com cremes hormonais nos filhos de Salazar, que não são atletas profissionais, e responde pedindo para o médico determinar o nível mínino que pode ter da substância no corpo para ser detectado no exame antidoping. Ainda questiona:
“Há outros hormônios tópicos que poderiam criar resultados mais dramáticos ou outras substâncias que poderiam acelerar seu ritmo de absorção pelo corpo?”.
A colocação da Nike no centro do escândalo de doping fez a empresa sofrer um abalo. Na Bolsa de Valores americana, as ações estão há dois dias em queda, após terem atingido o maior valor da história (US$ 93,92) na última segunda-feira (30) com a divulgação do balanço financeiro trimestral com desempenho melhor que o esperado.
A marca americana rechaçou qualquer uso indevido desses testes feitos por Salazar. Segundo um porta-voz da Nike, o objetivo do experimento era saber qual o risco de atletas patrocinados por ela serem pegos em exames antidoping após sabotagem feita por rivais.
Em comunicado aos funcionários feito nesta quarta-feira (2), Parker disse que a interpretação feita sobre a troca de e-mails está completamente errada:
“Quero que vocês saibam que, quando lhes peço que ‘Façam a Coisa Certa’, estou respeitando a mesma regra. Eu jamais aceitaria trapaças de qualquer espécie, no esporte ou em qualquer outro campo, e espero que vocês tampouco o façam”.
A empresa, por enquanto, mantém o patrocínio a Alberto Salazar, repetindo o procedimento que costuma fazer com atletas patrocinados que são pegos no exame antidoping. As investigações sobre o treinador se arrastaram por seis anos.
Mark Parker fala em evento sobre inovação em 2016 (Foto: Reprodução)