A coluna de Erich Beting, CEO da Máquina Esporte, desta terça-feira (15) falou sobre o caso de racismo ocorrido na partida entre Bulgária e Inglaterra, válida pelas Eliminatórias da Euro, e de como a Uefa precisa tomar uma atitude drástica em relação ao assunto. Com o passar das horas, não foi apenas o jornalista que pediu uma resposta imediata da entidade que comanda o futebol europeu.
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Nesta terça-feira (15), o governo inglês e também a Federação de Futebol da Inglaterra (FA) vieram a público e exigiram tolerância zero da Uefa contra os torcedores búlgaros que insultaram o lateral inglês Tyrone Mings. A ideia também é que qualquer tipo de punição sirva como exemplo para acabar de vez com o racismo no futebol.
“O racismo que vimos e ouvimos na noite passada foi vil e não tem lugar no futebol ou em qualquer outro lugar. Os jogadores e a administração da Inglaterra mostraram uma enorme dignidade. O primeiro ministro elogia os jogadores que foram alvo deste abuso desprezível por sua resposta. A Uefa precisa enfrentar os fatos. Esta mancha no futebol não está sendo tratada adequadamente. O racismo e a discriminação devem ser expulsos do futebol de uma vez por todas. Apoiamos os pedidos da FA de uma investigação com penalidades duras a seguir. Estamos escrevendo para a Uefa hoje para pedir que isso seja conduzido rapidamente”, afirmou um porta-voz do governo britânico.
“A Uefa tem o dever de agir aqui, o mundo está assistindo. Uma multa não é suficiente, por isso estou pedindo ao nosso governo que garanta que estamos apoiando a FA para buscar a punição mais dura possível. A proibição dessas pessoas nos estádios é imprescindível para que percam partidas, e expulsão de torneios não deve ser descartada”, disse Rosena Allin-Khan, membro do parlamento britânico, que teve no ministro dos esportes, Nigel Adams, outro que exigiu ação imediata da Uefa e uma punição exemplar à Federação Búlgara de Futebol (BFU).
A entidade parece ter finalmente entendido que precisa fazer alguma coisa. Logo depois da divulgação das duras palavras vindas do lado dos britânicos, Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, também se pronunciou. O mandatário defendeu punições severas contra o racismo e pediu uma guerra contra a discriminação. Ceferin ainda disse que a ajuda dos governos e de toda a “família do futebol” será necessária para combater o racismo no esporte.
“Acredite, a Uefa está empenhada em fazer todo o possível para eliminar esta doença do futebol. Não podemos nos dar ao luxo de nos contentar com isso. Devemos sempre nos esforçar para fortalecer nossa determinação. De maneira mais ampla, a família do futebol, de administradores a jogadores, treinadores e torcedores, precisa trabalhar com governos e ONGs para travar uma guerra contra os racistas e marginalizar suas visões abomináveis às margens da sociedade. As próprias federações de futebol não podem resolver este problema. Os governos também precisam fazer mais nessa área”, declarou o presidente da Uefa em entrevista à Associated Press.
Nos bastidores, fala-se em diversos tipos de punições, que podem ir desde o fechamento parcial do estádio, com jogos com portões fechados e consequente perda de arrecadação por parte do time que manda o jogo até atitudes mais drásticas. Em março, Montenegro teve que jogar uma partida sem torcida após torcedores do país serem racistas com jogadores da própria Inglaterra. A instituição de caridade antirracismo Kick It Out, no entanto, já pediu que a Uefa considere eliminar a Bulgária da competição.
“Acho que deve haver uma investigação maciçamente minuciosa. Não achamos as multas da Uefa suficientes. É preciso haver passos sérios agora, e isso deve incluir a expulsão ou, no mínimo, não deixar determinadas pessoas entrarem nos jogos, porque é preciso haver uma mensagem clara. Estamos em 2019”, declarou Roisin Wood, executivo-chefe da Kick It Out.