?Não podemos entregar de graça um produto caríssimo como é o futebol?. Foi assim que o Atlético Paranaense justificou, em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, a taxa para a transmissão de seus jogos nas rádios. A frase é do presidente do Conselho Deliberativo do clube, Mario Celso Petraglia. Segundo o dirigente, a valorização do futebol foi determinante para que fossem estipulados os valores de R$ 15 mil para jogos avulsos e R$ 486 mil para o pacote do Campeonato Brasileiro de 2008. “Nós fizemos um estudo de mercado com os quatro segmentos: TV, rádios, jornais e internet. A TV pagava R$ 10 milhões em 1996. Hoje, paga R$ 320 milhões entre aberta e fechada. Ano passado, dos R$ 40 bilhões de faturamento em mídia, a TV ficou com 50%, ou seja, R$ 20 bilhões. As rádios faturaram de 3% a 4% do todo e em torno de 6% a 7% do que a TV faturou”, disse Petraglia, destacando que a polêmica será esquecida com o tempo. ?Temos que valorizar o futebol. Acham que queremos desvalorizar? Claro que há tempo de adaptação, temos que pagar um valor inicial. O futebol paranaense não existia no mapa”, completou. O encontro com os jornalistas contou com a participação do advogado paulista Fernando Pimenta, responsável pelo embasamento jurídico da cobrança. Ele explicou que não haverá nenhum tipo de taxa para produções jornalísticas com, no máximo, 3% da informação. ?É uma atitude pioneira, há fundamentação jurídica. O que se cobra é o espetáculo. Para a TV se vende o espetáculo e é a mesma coisa, se a rádio quer lucro, nada mais justo que se cobre dela. Desde de 2004 já se cobra permuta das rádios, pelas cabines, etc. A única diferença agora é que foram transferidos os valores. O próprio Atlético já pratica permutas e inserções”, afirmou Pimenta. Na semana passada, o clube causou polêmica ao anunciar que as emissoras de rádio não poderão transmitir seus jogos gratuitamente a partir de maio, quando começa o Campeonato Brasileiro. A decisão foi contestada por entidades especializadas, como Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e Associação Brasileira dos Cronistas Esportivos (Abrace). Na última segunda-feira, a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp) anunciou que levará o caso à Justiça.