Faltando três semanas para o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, São Paulo já sente o impacto da realização do principal evento do calendário anual da cidade. A previsão é de que sejam movimentados R$ 200 milhões no final de semana da corrida, mesmo montante gerado na edição passada, quando houve um crescimento de 30% em relação a 2006. A estagnação nos números, no entanto, não é um indício de que a crise financeira global possa afetar o entorno da corrida. Segundo Orlando de Souza, presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), o caos econômico, curiosamente, deve fomentar o movimento na rede hoteleira da cidade, maior beneficiada com a prova. ?Acho improvável que a atual situação econômica mundial tenha algum efeito por aqui até a realização da corrida. Teoricamente, ela até estimularia os estrangeiros, agora com moeda mais forte, a virem para o Brasil. Apesar de tudo, eles ainda têm a vantagem do dólar. E não dá para evoluir 30% todo ano. Era uma outra realidade naquela época, a economia estava crescendo?, afirma o executivo. O otimismo de Souza está baseado nos números. Os hotéis nas proximidades de Interlagos, Congonhas, Avenida Paulista e Jardins estão lotados há três meses para o evento, que será realizado entre 29 de outubro e 2 de novembro. ?Isso, certamente, impulsionará a média de ocupação no mês?, conta Maurício Bernardino, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP). Em outubro de 2007, quando foi realizado o último GP, a média de ocupação hoteleira chegou a 71,21%, a melhor do ano passado. Ao todo, São Paulo possui 42 mil quartos de hotéis. Neste ano, a coincidência de datas entre o GP Brasil e o Salão do Automóvel, que terá início no mesmo final de semana da F-1, deve provocar ainda o aumento da procura por leitos nos municípios do ABC Paulista e região. ?É um grande fluxo de pessoas vindo para São Paulo e não há leitos suficientes para abrigar todo mundo na cidade, o que beneficia toda a hotelaria nesse entorno. Os organizadores esperam 120 mil pessoas para a F-1 e 700 mil para o Salão do Automóvel. Os quartos que temos aqui são poucos para esse contingente?, destaca Orlando de Souza. A expectativa é de que os negócios que envolvem a F-1 em São Paulo se mantenham nesse patamar nos próximos anos, quando a cidade será a única do continente a receber a principal categoria do automobilismo mundial. ?A partir de 2009, o Canadá não fará mais parte do calendário da F-1. Isso significa que todo o público das Américas não terá outra opção para ver a corrida em seu próprio continente, o que torna esse evento ainda mais importante para a cidade?, diz o presidente da SPCVB.