A conturbada organização da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul está dividindo a Fifa. Enquanto o presidente Joseph Blatter disse, na semana passada, que as obras para o evento estão dentro do esperado, Jerome Valcke, secretário-geral da entidade, colocou em xeque o cronograma do próximo Mundial. “Eu não posso dizer, a 18 meses da Copa do Mundo, se tudo estará pronto na hora. Essa é a principal preocupação, porque o tempo está muito curto”, afirmou Valcke em entrevista à BBC. “A preparação do Mundial de 2010 está andando bem. Não há problemas na construção de estádios nem na logística. Os países enfrentam atualmente uma recessão econômica, mas isso não vai frear a organização da Copa”, disse Blatter, em entrevista coletiva em Santiago, no Chile. A única preocupação do mandatário é com a receita final do evento. Em meio à grave crise financeira mundial, a expectativa da Fifa é que a competição na África do Sul não consiga gerar os mesmos lucros que edições anteriores. Um dos motivos é a possível fuga dos torcedores por causa da instabilidade econômica. Valcke, no entanto, vai pelo caminho contrário. Segundo o secretário-geral, as preocupações com segurança e capacidade elétrica do país são prioritárias. Blatter, mais uma vez, discorda de seu braço direito. “Se fala muito em segurança, mas me fale um país sequer onde a segurança é plenamente garantida. Aí nós vamos realizar um Mundial neste local imediatamente. Vamos fazer, junto com o governo da África do Sul um plano de segurança em um nível superior. Queremos que esta segurança continue depois do evento”, concluiu Blatter. Muito criticado nos últimos tempos pela lentidão nas reformas estruturais para a Copa, o Comitê Organizador anunciou na última semana um aporte de US$ 140 milhões para a conclusão das obras, que se somam aos US$ 23 bilhões que já foram investidos desde 2005. “Eu acho que um dos principais problemas é a questão do alto custo como resultado da crise econômica global, e não há nada que nós possamos fazer sobre isso. Só temos de administrar da melhor forma possível?, disse Danny Jordaan, diretor do Comitê, que previa gastos de apenas US$ 3 bilhões no início.