O beisebol brasileiro vai passar de maior de idade semi-abandonado a jovem com futuro promissor. Depois do choque do fim da verba proveniente da lei Agnelo-Piva, o esporte ganha um reforço de peso com o anúncio da construção de um centro de treinamento em Marília, no interior de São Paulo. Com um aporte de US$ 5 milhões (R$ 12,3 milhões) e parcerias com o poder público, o Tampa Bay Rays, vice-campeão da World Series, a final da Major League Baseball (MLB), vai instalar o primeiro pólo de captação de alto rendimento do esporte. O projeto foi assinado na semana passada, em reunião que contou com os representantes da franquia norte-americana, a Prefeitura de Marília e Orlando Silva Jr., ministro do Esporte. O encontro, que pôs fim à negociação que já durava cerca de dois anos, sacramentou um investimento público de R$ 1 milhão na construção do espaço. Já o Tampa Bay investirá US$ 1 milhão (R$ 2,4 milhões) por ano em manutenção e mão-de-obra para o projeto, que atenderá crianças de seis a 17 anos da região. Após cinco anos, a franquia vai avaliar o resultado do trabalho, e decidirá pela renovação, ou não, do acordo. ?Eles já fizeram isso na República Dominicana e na Venezuela, mas aqui vai ser diferente, porque a gente não tem tradição no esporte e precisa popularizar a modalidade antes de tudo. Nós estamos com uma parceria com a Universidade de Marília [Unimar], que também vai formar profissionais especializados no assunto?, disse Edno de Souza, consultor e relações públicas do Tampa Bay Rays no projeto. O projeto não tem, em sua essência, nenhuma ligação com a Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS). Procurada pela reportagem, a entidade declarou apoio à iniciativa e se colocou à disposição, mas negou participação nas tratativas. Edno de Souza vai pelo mesmo caminho, e entende que a CBBS pode ser, no futuro, beneficiada com a instalação do CT. ?Falta um programa de melhor preparação tanto dos profissionais que vão desenvolver o esporte quanto dos próprios atletas. No meu modo de entender, as confederações têm de cuidar do esporte amador, enquanto nós podemos lidar com o profissional. No futuro, o caminho para a formação de talentos pode ser o mesmo?, concluiu o executivo.