Durou apenas sete meses e terminou de forma polêmica a passagem de José Henrique Coelho pela vice-presidência de marketing do Vasco. O dirigente renunciou a seu cargo nesta semana, mas antes apresentou uma carta com acusações contundentes contra a gestão de Roberto Dinamite. Coelho preside o Movimento Unido Vascaíno (MUV), fundado por torcedores em 2001 para participar da vida política, esportiva e social do clube. O grupo atuou durante anos como oposição ao presidente Eurico Miranda e foi um dos principais artífices da ascensão de Dinamite à presidência, em junho da temporada passada. Poucos meses de trabalho, contudo, foram suficientes para distanciar Dinamite da cúpula do MUV. Em sua carta-renúncia, Coelho fez graves acusações à gestão do presidente, a qual foi classificada pelo ex-dirigente como incapaz de implantar no clube um processo profissional de administração. Além disso, Coelho acusou a atual diretoria de incapacidade para realizar transformações necessárias no clube, venda de ingressos com ?caixa dois?, distribuição de entradas para conselheiros e torcidas organizadas e atrasos nos pagamentos, entre outras coisas. O ponto mais grave é uma possível fraude de R$ 13 milhões no orçamento de 2009, apresentado pela diretoria financeira ao conselho deliberativo. Confira na íntegra a carta de Coelho: ?Ao Club de Regatas Vasco da Gama Exmo. Presidente Carlos Roberto Dinamite Ratificando nossa conversa telefônica na tarde de hoje, apresento o meu desligamento desta diretoria em caráter imediato e irrevogável. O motivo do meu afastamento é a incapacidade desta presidência levar a diante os projetos que durante os últimos oito anos defendi e me comprometi a realizar quando apoiei a sua candidatura. Como presidente do MUV e membro da diretoria administrativa sempre me coloquei como responsável por esta implementação: uma gestão profissional, com organograma adequado, com reuniões de diretoria, com pessoas competentes a frente do trabalho e que através da transparência pudesse assegurar a torcida vascaína, aos novos parceiros e aos investidores a aplicação otimizada dos recursos. Depois de tanta luta e passados sete meses quero dizer que não vejo mais na sua gestão a capacidade de realizar este projeto mesmo contando ainda com grandes colaboradores em diversas áreas. As decisões de um presidente não podem seguir a mesma regra de um deputado e Vs.Sas ainda não entendeu isto. Após a posse e a reabertura do clube aos seus verdadeiros “donos”, a torcida vascaína, que foi merecidamente comemorada em todo Brasil a sua gestão mostrou-se, ao contrário do prometido, incapaz de decidir e de realizar nestes sete meses as transformações necessárias. Nepotismo nas contratações, fraqueza nas respostas diante da antiga diretoria “deposta pelo povo e pelo voto”, fraude de R$13 milhões no orçamento de 2009 apresentado pela vice-presidência financeira ao Conselho Deliberativo, farta distribuição de ingressos, como na antiga gestão, à vontade para os amigos e conselheiros e com medo das torcidas organizadas, ao contrário da vontade dos torcedores, desrespeito aos acordos com o Ministério Público, venda de ingressos “por fora” – caixa dois, com a participação de conselheiros comprometidos, com o conhecimento do tesoureiro e todas as demais vice-presidências, falta de responsabilidade social para com o quadro de funcionários, não só pelos atrasos de pagamento, devido a total falta de recursos, mas também pela falta de critério nos salários dos novos empregados, política errática, falta de planejamento e definição para uso do C.T. no Vasco Barra, contratações para o futebol em 2008 sem ouvir a diretoria e em 2009 sem falar para a diretoria, decisões em reuniões mudadas após qualquer pressão dos “desfavorecidos”, além da falta de compromisso com a sobrevivência financeira do clube. Nenhum ajuste sério foi feito. Por todas estas críticas de trabalho e por não concordar com a atual gestão me retiro da diretoria, mas tenho a certeza que ainda assim nada poderá ser pior do que os últimos oitos anos de Euricos, Amadeus, valentes, reis e seus cúmplices aqui incluídos os presidentes dos subalternos conselhos do clube que promoveram a atual situação de falência que esta diretoria ainda deve tentar reverter. Continuo com a certeza de que a derrubada pelo voto da antiga diretoria terá sido o primeiro passo no caminho do nascimento do novo e grande Vasco que todos nós queremos. Reafirmo por último que nos próximos dias, conforme sempre prometi publicamente, procurarei os meus advogados para encerrar as duas antigas ações movidas contra o clube, em 2003 e 2006, que garantiram a minha readmissão ao quadro social. Os valores de todas as indenizações que a justiça arbitrou em sentença contra a antiga diretoria e a meu favor estarei abrindo mão em favor do clube. Este valor que conforme os fofoqueiros de plantão avaliam em R$70 mil serão (sic) devolvidos ao Vasco como mais uma prova de minha lealdade ao clube. Atenciosamente, José Henrique Coelho?