Depois de sofrer intensa pressão nos últimos meses, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) deu sua cartada final na defesa da exclusividade dos recursos provenientes da Lei Piva. No dia em que foi apresentado um requerimento de audiência pública para avaliação do caso, a entidade-mor do esporte nacional apresentou seu detalhamento de utilização de recursos, além de uma projeção de metas para cada umas das confederações. O conteúdo da apresentação, que contou com a presença de representantes de todos os órgãos, foi insistente no sucesso da política do COB. Ao longo do arquivo, que está disponível no site oficial da entidade, são exibidos gráficos que mostram um crescimento em diversos itens, como números de centros de treinamentos, comissões técnicas e treinadores estrangeiros nas modalidades. Posteriormente, o COB ainda detalha sua avaliação de cada confederação, com direito a apresentação dos principais resultados em grandes eventos esportivos. A persistência no tema é a grande aposta da entidade, que vê o Ministério do Esporte acenar com uma mudança no texto da Lei Piva que concederia 30% da verba para o Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos (Confao). Também na última quinta-feira, o deputado federal Sílvio Torres (PSDB-SP) requereu uma audiência pública na C”mara dos Deputados para avaliar a possibilidade. A proposta deve ser avaliada pela Comissão de Turismo e Desporto da casa, que se reúne na próxima quarta-feira. A ideia do parlamentar tucano é que o encontro reúna Orlando Silva Jr., ministro do Esporte, Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, Bruno Zech Coelho, presidente do Minas Tênis Clube e do Confao, e Arialdo Boscoli, presidente da Confederação Brasileira de Clubes (CBC). Na audiência, os opositores da política do COB terão a oportunidade de refazer as críticas que marcaram o lançamento do Confao, no início de fevereiro. Na ocasião, diversos dirigentes se mostraram indignados com uma suposta utilização de 50% da verba da lei Agnelo-Piva em despesas administrativas. O documento divulgado nesta quinta, no entanto, mostra outro cenário para o aporte total de R$ 91,9 milhões. De acordo com o texto do benefício, 10% (R$ 9,1 mi) é destinado para o esporte escolar, enquanto 5% vai para o esporte universitário (R$ 4,5 mi). O restante da verba, como já se sabia, vai, em sua maior parte, para as confederações, que receberam 36,5% (R$ 34,1 mi) em 2008. A fatia mais gorda, na sequência, é das ações esportivas, que englobam desde visitas precursoras a sedes de eventos, como Londres (que abrigará os Jogos Olímpicos em 2012), até o Prêmio Brasil Olímpico, passando pela Semana Olímpica, com 17,3% do orçamento (R$ 16,1 mi). Diferentemente dos outros itens, no entanto, não há uma divisão interna. O interessado não consegue, pelo documento, descobrir quanto foi gasto em cada viagem, ou o quanto cada projeto levou da verba referente. Completam a lista do COB os gastos com quatro projetos específicos (“Rio 2007”, “Rio 2016”, “Parque Aquático Maria Lenk” e “Velódromo e Esporte Escolar”) e o estabelecimento de uma estrutura de acompanhamento da execução financeira exigida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que representaram 12,05% (R$ 11,2 mi), e 8,21% (R$ 7,6 mi), respectivamente.