Joseph Blatter, ex-presidente da FIFA, negou que o pagamento de 2 milhões de francos suíços feito a Michel Platini, então mandatário da UEFA, fosse fraudulento. A afirmação aconteceu no depoimento do dirigente no tribunal suíço de Bellinzona nesta quinta-feira (9).
Blatter, de 86 anos, chegou a ter seu depoimento adiado na quarta-feira (8) alegando estar muito doente e passando mal.
Os promotores do caso dizem que o pagamento feito em 2011 foi ilegal e acusam Blatter e Platini de apropriação indébita, má gestão e falsificação de documento.
Acordo de cavalheiros
A dupla alega que o pagamento foi um “acordo de cavalheiros” feito entre eles, quando Platini concordou em se tornar conselheiro de Blatter após a Copa do Mundo de 1998 na França.
Blatter foi eleito para seu primeiro mandato como presidente da FIFA após a Copa daquele ano e rapidamente pediu apoio a Platini. O ex-craque da seleção francesa havia solicitado um salário de 1 milhão de francos suíços por ano, mas Blatter disse a ele que a FIFA não podia pagar esse valor naquele momento.
Foi um acordo entre dois esportistas. Não vi nada de errado nisso.
Eles, então, teriam estabelecido um salário anual de 300 mil francos suíços, com Platini assumindo o papel de consultor técnico. No entanto, ambos sustentam que o saldo deveria ser compensado posteriormente. Nenhuma menção a esse acordo estava no contrato assinado por Platini em 1999. Ele deixou o cargo na FIFA em 2002.
“Foi um acordo entre dois esportistas. Não vi nada de errado nisso”, afirmou Blatter no tribunal.
Versão de Platini
Platini disse que não reivindicou o pagamento porque não precisava do dinheiro. Mas decidiu pedir o montante quando soube que outros funcionários da FIFA haviam recebido pagamentos substanciais.
“Confiei no presidente [Blatter] e sabia que ele me pagaria um dia”, contou o francês.
Platini sustenta que esse caso e sua revelação vários anos depois que a FIFA fez o pagamento a ele serviram para acabar com suas pretensões de se candidatar à presidência da entidade em 2015.
O que a FIFA fez comigo foi escandaloso. E o objetivo era que eu não me tornasse presidente.
A investigação sobre o suposto pagamento ilegal foi iniciada antes da eleição, e Platini foi forçado a desistir da candidatura. Por outro lado, Gianni Infantino, que era seu subordinado, acabou se tornando candidato da UEFA para a presidência da FIFA e sendo eleito. Platini apresentou queixa criminal na França contra Infantino por tráfico de influência.
Infantino sustentou que ele concorreu apenas porque Platini se retirou do pleito. Platini e Blatter foram banidos do futebol em 2016 pelo Comitê de Ética da FIFA. A exclusão foi posteriormente reduzida, e Platini está próximo de finalizar sua pena, que termina em 2023.
“O que a FIFA fez comigo foi escandaloso. E o objetivo era que eu não me tornasse presidente”, afirmou o ídolo do futebol francês.
O julgamento deve durar mais nove dias, com a expectativa de que haja um veredito no dia 8 de julho. Blatter e Platini podem pegar até cinco anos de prisão se forem considerados culpados, além de terem que pagar multa.