Um grupo de 25 clubes que não aderiu à Libra, a liga de futebol brasileiro fundada no início de maio, decidiu formar um bloco para negociações conjuntas de patrocínio e direitos de transmissão. Esse coletivo de times não avançou nas negociações para adesão à Libra. A iniciativa foi discutida pelas equipes em reunião nesta quarta-feira (8), na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A Alvarez & Marsal (escritório de advocacia) e a LiveMode (empresa de streaming) foram contratadas para formalizar o estatuto desse bloco, que ainda não tem nome. O documento será, em seguida, submetido aos clubes, para formalizar a adesão ao grupo.
“Viemos conversando ao longo do tempo e decidimos formalizar nossa união. Agora, cada jurídico e diretoria de clubes vai falar com a Alvarez & Marsal e a LiveMode para dirimir as dúvidas antes da assinatura”, contou Júlio César Heerdt, presidente do Avaí, em entrevista à Máquina do Esporte.
Divisão de receitas
O bloco não aderiu à Libra pois não ficou satisfeito com a proposta de divisão de verbas do estatuto da nova entidade. O grupo pede que haja alteração mais drástica no modelo atual, com menos desigualdade entre o time que recebe mais e o que aufere menos dinheiro da arrecadação de direitos de transmissão e patrocínios do Campeonato Brasileiro.
A ideia é que a divisão seja no modelo 50-25-25, semelhante à da Premier League, o que significa que 50% da receita seria distribuída igualmente entre os clubes, 25% por desempenho e 25% por audiência. Os clubes também pedem que não haja tanta disparidade entre os times com maior e menor remuneração.
Já a Libra propõe que a partilha seja de 40% de maneira igualitária, 30% por performance e 30% em engajamento, com cinco critérios: média de público nos estádios, base de assinantes de cada time no streaming, número de seguidores em redes sociais, audiência na TV aberta e tamanho da torcida.
Viemos conversando ao longo do tempo e decidimos formalizar nossa união.
Até esse último critério gerou controvérsia entre os clubes dissidentes, que o consideraram subjetivo, já que seria possível comprar seguidores em redes sociais e não estava claro como seria definido o tamanho de cada torcida.
Outra reivindicação dos clubes dissidentes é que sejam destinados 20% da arrecadação para os times da Série B do Brasileirão. Na proposta do estatuto da Libra, essa parcela é de 15%.
Inicialmente, esses grupo de 25 times havia realizado uma reunião no Rio de Janeiro e nomeado uma comissão de seis representantes para negociar uma possível adesão à Libra. No entanto, não houve avanço nas conversas por três semanas. Uma reunião nem chegou a ser agendada entre as partes, o que gerou a divisão atual entre os principais clubes do Brasil.
Divisão dos clubes
Hoje, a Libra é formada por 13 equipes, sendo quase todas do eixo Rio-São Paulo. Fazem parte do grupo Botafogo, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Guarani, Ituano, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco.
Já o bloco dos 25 conta com representantes de 11 estados brasileiros e é integrado por América-MG, Atlético-MG, Atlético-GO, Athletico-PR, Avaí, Brusque, Ceará, Chapecoense, Coritiba, CRB, Criciúma, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport, Tombense e Vila Nova.
Entre os 40 times que disputam as Séries A ou B do Brasileirão, os únicos que permanecem independentes são Bahia e Grêmio. O tricolor gaúcho já manifestou a intenção de aderir à Libra, porém não formalizou sua entrada.