A diretoria do São Paulo propalou o fato de ter atingido R$ 30 milhões anuais com receitas de parcerias comerciais ? desse montante, segundo o próprio clube, R$ 20 milhões são referentes ao uniforme. Além disso, em evento realizado para anunciar a tecnologia IPS como nova patrocinadora das mangas das camisas tricolores, lembrou seguidas vezes que o acordo é uma ampliação do contrato longevo que o clube mantém com a LG, que aparece no peito e nas costas. Em meio a esse discurso de festa, porém, a equipe admite esperar uma evolução contundente de receita na próxima temporada e não banca a renovação dos atuais aportes. A situação é um desdobramento do que aconteceu no fim do ano passado. Depois de ter anunciado uma meta de arrecadar R$ 30 milhões com patrocínio em 2009, o São Paulo chegou a buscar empresas para substituir a LG, que pagava R$ 16 milhões anuais e tinha contrato até dezembro. No entanto, a crise financeira internacional arrefeceu a expectativa tricolor. Prova disso é que o clube retrocedeu e assinou com a LG por cerca de R$ 18 milhões (o aumento deve-se apenas a uma correção que já estava prevista em relação ao valor praticado na temporada anterior). ?Nós tínhamos uma negociação com outra empresa, com montantes bem diferentes, mas a situação de mercado mudou radicalmente e isso não se concretizou?, confirmou Júlio Casares, vice-presidente de comunicação e marketing da equipe. A renovação por um valor abaixo do esperado mudou a estratégia da diretoria do São Paulo. A equipe tricolor passou a procurar reunir uma série de parceiros comerciais para atingir os R$ 30 milhões. Para isso, envolveu propriedades comerciais como backdrops, espaços no CT e no estádio e ações de relacionamento. Além disso, o clube passou a pressionar a LG por uma mudança na negociação pelos patrocínios periféricos ao uniforme ? a marca de eletrônicos comprava toda a camisa tricolor e estampava a rede de lojas Fast Shop nas mangas por conta de um acordo comercial. O resultado dessa pressão sobre a LG foi a parceria com a IPS, que aumentou para R$ 20 milhões o valor que o São Paulo recebe por sua camisa. Só que a diretoria tricolor espera uma mudança de cenário no ano que vem, quando o momento econômico for diferente e o furor pela Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil, estiver mais consolidado ? o Morumbi, estádio da equipe paulista, foi a arena escolhida por São Paulo para receber partidas da competição. ?Nós apostamos nesses contratos de curto tempo para buscarmos um valor mais efetivo depois, com outro cenário. Fizemos mudanças nos contratos para não ficarmos reféns da cláusula de preferência, e poderemos ouvir propostas de terceiros. Mas é claro que queremos ficar com a LG, que já está conosco há nove anos. A própria parceria com a IPS mostra o quanto estamos comprometidos com isso?, disse Casares. O contrato com a LG tem duração até 31 de dezembro deste ano, com uma cláusula que permite à marca permanecer nos uniformes tricolores até o fim de janeiro. A IPS, por sua vez, assinou com o clube até fevereiro de 2010. Ao contrário do que o clube havia feito no ano passado, porém, o vice-presidente do São Paulo não faz previsão de quanto espera arrecadar com patrocínios em 2010: ?Isso é uma questão de sentir o mercado. Não adianta eu dizer que a minha equipe teve R$ 300 milhões de exposição na mídia se não tiver nenhuma empresa disposta a pagar isso. Esse dado é relevante, mas precisa ser confrontado com o mercado para podermos ver o que vai acontecer?.