Dudu e Gabigol vivenciaram, no último domingo (8), um momento único de despedida de seus clubes. Os dois atacantes fizeram suas últimas partidas por Palmeiras e Flamengo, respectivamente.
Enquanto o flamenguista foi brindado com uma festa na arquibancada e um misto de emoções dentro de campo, o palmeirense saiu sem alarde, em uma derrota melancólica para o Fluminense com uma cena comovente dele sentado com a família no gramado do Allianz Parque após a partida.
A saída dos dois jogadores de Palmeiras e Flamengo marca o fim de uma década praticamente hegemônica dos dois clubes no futebol brasileiro. Desde 2015, quando Dudu desembarcou no clube paulista, ano sim, ano também, os dois foram campeões de algum torneio em disputa no futebol sul-americano.
A despedida de ambos mostra, também, que a década de ouro de Palmeiras e Flamengo está terminando. O futebol brasileiro polarizado entre os dois, em parte pela incompetência alheia nas melhores práticas de gestão, outra parte pela incapacidade de equilíbrio na área técnica, está com os dias contados pelo sucesso do investimento a fundo perdido trazido pelas Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs).
O Botafogo, campeão do Brasileirão e da Libertadores, é uma mostra de que, se nos últimos anos o futebol foi de Dudu e Gabigol, agora a banda toca uma outra música.
Vai ser muito difícil que, nessa próxima década, dois times consigam concentrar tanta liderança financeira e técnica como conseguiram Palmeiras e Flamengo. Não por coincidência, Dudu e Gabigol deixarão seus clubes como dois dos maiores campeões da história de ambos.
Uma coisa é certa. Muito do sucesso dos dois pelos clubes tem a ver com o bom momento financeiro que as equipes viveram. Quanto tempo fazia que não conseguíamos, no futebol brasileiro, manter os protagonistas de um time em seu elenco por tanto tempo?
Dudu e Gabigol estão entre os maiores salários do futebol do país. E só conseguiram isso porque seus times estavam entre as gestões mais bem-sucedidas ao longo da década.
Não é por acaso que, agora, os dois astros vão em busca de novos ares. É preciso reciclar elencos, buscar alternativas e fazer o novo. Tanto para Flamengo e Palmeiras quanto para Gabigol e Dudu.
O futebol brasileiro passa por uma nova transformação. E o fim das eras Dudu, Gabigol, Palmeiras e Flamengo mostra que um novo caminho está sendo criado. Atlético-MG, Botafogo e Cruzeiro saíram na frente nessa corrida. Mas tem muito mais a vir pela frente.
Uma coisa é certa. Flamengo e Palmeiras não conseguirão mais navegar com tanta tranquilidade.
Erich Beting é fundador e CEO da Máquina do Esporte, além de consultor, professor e palestrante sobre marketing esportivo