A trajetória de atletas de alta performance é marcada por desafios intensos, sacrifícios e uma dedicação inabalável. Desde muito jovens, esses atletas precisam abrir mão de diversas experiências típicas da infância e adolescência para focar em treinamentos exaustivos e competições de alto nível. No entanto, por trás de cada grande atleta, quase sempre há um fator determinante para o sucesso e, na minha opinião e vivência, isso passa muito pelo apoio da família.
O incentivo familiar começa cedo, às vezes antes mesmo do próprio atleta perceber seu potencial. São os pais que, muitas vezes, identificam o talento, alimentam a paixão e mostram que, com esforço e dedicação, os limites podem ser superados. Mais do que isso: são eles que quebram barreiras de gênero, raça e nacionalidade, reforçando que, se o talento e a vontade estão lá, o céu é o limite.
Mas apoio não é só incentivo no início da caminhada. É sobre estar presente nos momentos difíceis, sustentar emocionalmente o atleta quando as coisas não saem como o esperado. É garantir um ambiente seguro para crescer e evoluir, sabendo que, independentemente do resultado dentro do campo, da quadra, da piscina ou do servidor, sempre haverá um porto seguro em casa.
No MIBR, vivemos isso de perto. Nossos jogadores e jogadoras que se destacam no cenário dos e-Sports, na sua maioria, tiveram suporte familiar em suas jornadas.
Ainda existe um grande preconceito, principalmente entre as gerações mais antigas, que nem sempre enxergam o esporte, seja tradicional ou eletrônico, como um caminho viável. Mas quando os pais compreendem essa escolha e passam a “jogar junto” com seus filhos, o impacto é transformador. A segurança emocional que vem desse apoio permite que o atleta mantenha o foco, a disciplina e um lado mental forte para enfrentar as pressões do alto rendimento. Com raras exceções, os atletas que chegam ao topo tiveram, em algum momento, o respaldo de suas famílias.
Mas não são só os desafios emocionais que pesam. Existe também a questão financeira. Tornar-se um atleta de elite exige um investimento alto, e nem todas as famílias têm condições de bancar essa trajetória sozinhas. Por isso, é fundamental o olhar atento do governo, o apoio de projetos independentes e o papel essencial dos patrocinadores.
Por fim, vale destacar ainda que nada disso adianta se não houver um calendário competitivo sólido, que permita que esses atletas testem e desafiem suas habilidades. Formação de talento exige investimento de dinheiro, de tempo e de paciência.
Quando vemos João Fonseca, no tênis; Insani, no CS2; Rayssa Leal, no skate; ou Rebeca Andrade, na ginástica artística, e entendemos o impacto que esses ídolos têm na nova geração e no país inteiro, percebemos que tudo isso vale a pena. Eles não são apenas atletas. São ídolos, exemplos, inspirações. São a prova viva de que, com amor, resistência e persistência, é possível chegar ao topo.
Roberta Coelho é CEO da equipe de e-Sports MIBR e criadora da WIBR, ecossistema de ações que busca trazer mais mulheres para o universo dos games. Além disso, é cocriadora e ex-CEO da Game XP e ex-head de desenvolvimento de negócios e ex-diretora comercial do Rock in Rio