O ano era 2021. O mês era junho. E eu estava inquieto no Flamengo. Queria pedir demissão, mas todas as pessoas em que confio e que tenho como referência me falavam: “Você está maluco! Sair do Flamengo no meio de uma pandemia?”.
E de fato era loucura mesmo. Olhava para o lado e via grandes profissionais sendo desligados em massa de suas empresas, e eu ali, com um ótimo emprego e um bom salário, mas inquieto, querendo sair.
Depois de trabalhar em cinco clubes, percebi que aquela rotina não me enchia mais os olhos. Quarta, domingo, quarta, domingo. Ganhou, semana boa para trabalhar. Perdeu, segura os projetos, pressão política, e vamos esperar a maré negativa passar. Tudo muito parecido. Costumo dizer que há mais semelhanças do que diferenças entre os cinco clubes em que trabalhei.
Algo mais forte do que eu me fazia apertar aquele “botão de saída”. Pela segunda vez na minha vida, me vi fazendo algo que somente eu acreditava. A primeira eu contei nesse post abaixo.
Eu só via oportunidades, principalmente nas frentes de negócios que envolviam ativação de patrocínio e marketing de influência. Em relação a essas duas, eu tinha certeza de que iriam crescer. E ninguém estava olhando para isso.
A primeira missão foi desenhar um plano de negócios com o qual eu pudesse minimamente gerar receita de forma imediata, pelo menos para pagar minhas contas. Afinal, estava trocando receita fixa (salário) pela incerteza de dar certo ou não.
Estipulei um objetivo: era preciso virar algum negócio até dezembro de 2021. Como citei no inicio do texto, estávamos em junho/julho. Então, minha missão era gerar alguma receita em seis meses, do contrário teria que mandar currículos e quem sabe voltar a trabalhar em clubes. O que não faria sentido, afinal, tinha decidido sair do maior clube do Brasil.
Em dezembro, quando já estava quase desistindo, fechei meu primeiro projeto. O Alexandre Fonseca, à época gerente nacional da Betano no Brasil (e que hoje está na Superbet), me deu a missão de ativar a marca na festa de campeão brasileiro do Atlético-MG.
Entregamos tão bem que isso virou um contrato mensal para cuidarmos das ativações da Betano no mercado brasileiro. Era um valor bem inferior ao que eu tinha de salário nos tempos de executivo de clube, mas minha felicidade foi imensa. Não pensava no dinheiro. Só pensava nas oportunidades que ainda buscaria nesse segmento fascinante.
Vieram algumas intermediações de contrato, e aí deixei de ser uma empresa de uma pessoa só. Em maio de 2022, chegou o primeiro. Em julho, mais três e ainda a nossa primeira sala.
Quanto mais você cresce, maior a sua responsabilidade. Os grandes projetos começaram a aparecer, e não tínhamos sequer fluxo de caixa para pagar os fornecedores. Além disso, passou a haver o comprometimento de todo dia 5 pagar o salário da equipe, mesmo que ainda enxuta naquele momento.
Fomos nos ajeitando e, de lá para cá, soubemos superar todas as dores do crescimento. Montamos aquilo que considero o nosso principal diferencial: o nosso time. São pessoas apaixonadas pelo mercado esportivo, boa parte delas buscadas dentro da sala de aula, alunos meus que aceitaram ganhar menos do que ganhavam para viver o sonho de trabalhar com esporte. Ou seja, pessoas que, sem saber, estavam fazendo aquilo que fiz pouco tempo atrás, quando saí do Flamengo.
Temos o propósito de encantar os nossos clientes e, aos poucos, vamos ganhando nosso espaço no mercado esportivo. Sempre olhando a bola sob outro ponto de vista (Alob).
No próximo domingo (3), fará dois anos daquele dia em que subi no Trio do Galo na Praça Sete. Foi ali que tudo começou. Agora, no futuro próximo, o ano de 2024 nos prepara grandes surpresas e apenas uma certeza: que vamos seguir o nosso caminho de crescimento com muita humildade e encantando os parceiros que temos a oportunidade de trabalhar.
Para você que sonha empreender, não é um discurso demagogo. Se você enxerga uma oportunidade e acredita no seu potencial, siga em frente. Só não se esqueça de que você precisará de muita criatividade, paciência, relacionamento e, principalmente, resiliência para atingir seus objetivos.
Bernardo Pontes, executivo de marketing com passagens por clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, é sócio da Alob Sports, agência de marketing esportivo especializada em intermediação e ativação no esporte, que conecta atletas e personalidades esportivas a marcas, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte