Destaque do Botafogo, Luiz Henrique vira alvo de investigação por possível manipulação em apostas

Luiz Henrique foi um dos destaques na goleada do Botafogo diante do Peñarol (URU) pela Libertadores - Vítor Silva / Botafogo

Tido como um dos principais nomes do Botafogo na atual temporada (brilhou na goleada diante do Peñarol (URU), na partida de ida da semifinal da Copa Libertadores 2024), o atacante Luiz Henrique também vem se destacando com a camisa da seleção brasileira (com direito a um gol marcado na vitória por 2 a 1 sobre o Chile e outro na goleada de 4 a 0 sobre o Peru, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026).

Mas, ao mesmo tempo em que atravessa um dos momentos mais consagradores de sua carreira, o atleta tem deparado com um assunto espinhoso. Ele se tornou alvo de uma investigação na Espanha, que apura um possível esquema de manipulação de apostas esportivas.

A notícia de que Luiz Henrique é investigado em solo espanhol, onde jogou pelo Betis, foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. Essa apuração contaria, inclusive, com documentação e informações remetidas às autoridades do país europeu pelo Ministério Público (MP) de Goiás, que, em 2023, deflagrou a Operação Penalidade Máxima, responsável por desarticular um esquema de manipulação de apostas, que contou com a participação de pelo menos 15 jogadores de futebol.

Nesta quarta-feira (23), ao deixar o gramado do Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ), Luiz Henrique teve de quebrar o silêncio a respeito desse tema incômodo. Apelou para a velha e surrada fórmula que vem sendo cada vez mais utilizada por celebridades esportivas envolvidas em escândalos.

“Não tem nada a ver isso. Acho que querem apagar o meu brilho. Eu sei que não vão conseguir. Eu sei que Deus tá comigo, minha família está comigo, e nada disso aconteceu”, declarou.

Entenda o caso

Luiz Henrique não chegou a ser denunciado pelo MP de Goiás, embora, à época, a apuração tenha identificado conexões do atacante com o jogador de futsal Bruno Lopez de Moura, um dos 16 indiciados na Operação Penalidade Máxima e considerado o líder do esquema de manipulação.

As apurações envolvendo o atleta brasileiro que ocorrem na Espanha são de natureza criminal, sem relação com organizações esportivas como LaLiga ou Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).

Segundo o portal GE, autoridades do país europeu enviaram, em julho deste ano, um pedido para tomarem o depoimento do atleta por meio de videoconferência (a data dessa audiência ainda não foi definida).

As suspeitas sobre Luiz Henrique têm a ver com cartões amarelos recebidos por ele, quando jogava pelo Betis na LaLiga. O jogador permaneceu na Espanha até este ano, quando foi contratado pelo Botafogo.

Esse caso envolvendo Luiz Henrique ocorreu no mesmo fim de semana em que, defendendo o West Ham pela Premier League, Lucas Paquetá também foi punido com cartão amarelo.

A Football Association (FA), entidade que comanda o futebol na Inglaterra, apurou que, naquela rodada, houve movimentação muito acima do comum de apostas relativas a possíveis cartões amarelos sofridos pelos dois jogadores, em ambas as competições.

Por enquanto, apenas Paquetá é investigado pela FA, embora possa seguir atuando normalmente pela seleção brasileira e pelo West Ham.

No caso de Luiz Henrique, existe o complicador de que o atleta recebeu pagamentos via pix feitos por Bruno e Yan Tolentino, que são, respectivamente, tio e primo de Paquetá.

Os pagamentos ocorreram dias depois de Luiz Henrique receber os cartões amarelos na LaLiga. Em 8 de outubro deste ano, em depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, no Senado, Bruno Tolentino reconheceu que ele e o filho efetuaram pagamentos ao jogador do Botafogo, totalizando R$ 40 mil.

O tio de Paquetá alegou, porém, que as transferências via pix seriam relativas a um empréstimo feito a Luiz Henrique e não teriam qualquer relação com algum suposto esquema de manipulação de apostas.

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI, solicitou aos membros da comissão que fizessem a análise detalhada das declarações de Tolentino, uma vez que, segundo o parlamentar, “tal explicação pode ser considerada insuficiente diante da natureza dos fatos investigados, especialmente considerando a cronologia dos eventos e as alegações de apostas em resultados específicos das partidas”.

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