Trabalhei como executivo de uma marca patrocinadora da Copa em 2013 e 2014 e me lembro do esforço que fizemos para desenvolver todos os pontos de contato com consumidores com muita antecedência. No entanto, o clima realmente esquentou no dia da estreia do Brasil.
Já com um pouco mais de bagagem, sei que o tema Copa efetivamente pega fogo quando a seleção entra em campo e passa a fazer parte das conversas no trabalho, almoços, happy hours e redes sociais. Também percebi que, entre todos os símbolos da Copa, o mais comercializável e, consequentemente, rentável são as camisas das seleções.
A camisa brasileira se tornou amarela depois que perdemos a final da Copa de 1950. Desde então, somos conhecidos como a seleção canarinho, embora Austrália e Equador também usem o amarelo como camisa principal. Desde 1982, a camisa estampa o fornecedor de material esportivo e, depois de Topper e Umbro, Phil Knight, fundador da Nike, pediu pessoalmente ao seu pessoal: “vamos assinar com essa seleção que acabou de vencer a Copa de 1994 nos Estados Unidos”.
Obrigado por mais essa, Baggio! Se o seu pênalti tivesse entrado, a história poderia ter enveredado por outros caminhos. Fato é que, mesmo com a Adidas sendo a marca patrocinadora da Copa do Mundo desde 1970, a Nike, maior empresa de material esportivo do mundo, decidiu entrar de vez no futebol justamente em 1994, quando a Copa foi realizada em seu país de origem.
O mundo da moda vive de ciclos, e a Nike entende disso muito bem, tanto que renova detalhes das camisas com frequência para manter o interesse dos fãs em comprar o modelo mais recente e que é usado nos campos pelos ídolos.
Nesta quinta-feira (24), na estreia do Brasil na Copa, um mar de camisas amarelas foi visto por toda a cidade, tanto as oficiais quanto as similares. A simpatia das pessoas pelo Brasil certamente contribui para o sucesso das nossas cores na hora de escolher qual camisa comprar para a Copa. O “joga com garra” (tendo a onça-pintada como símbolo), que substituiu o “joga bonito” de outras Copas, pode ter ajudado, bem como termos bons jogadores nas principais ligas do mundo. Aspectos políticos referentes à última eleição presidencial parecem não ter atravessado o oceano.
Fato é que vender camisas da seleção brasileira é um excelente negócio. Mesmo com os preços oficiais do uniforme tendo crescido mais de 40% entre as Copas de 2018 e 2022, as camisas da seleção venderam muito antes do torneio começar e sou capaz de apostar que venderão ainda mais depois da vitória e do golaço de Richarlison na estreia.
O faturamento da Nike no Brasil, que já vem crescendo nos últimos anos (R$ 2,4 bilhões em 2020 e R$ 3,2 bilhões em 2021), alcançou, neste ano, R$ 2,8 bilhões, mas ainda restando o último trimestre. Dessa forma, possivelmente romperá a barreira dos R$ 4 bilhões.
A camisa amarela deve ser protagonista dos resultados da companhia também neste final de ano. Já para 2023, vai depender enormemente se a sexta estrela estará ou não bordada no peito.
Inshalá!