A primeira partida das quartas de final da Copa do Mundo 2022, entre Brasil e Croácia, com início previsto para as 12h desta sexta-feira (9), representa um confronto entre desiguais. Dentro dos gramados, embora os croatas venham de uma boa campanha no último Mundial e contem com alguns nomes famosos em seu elenco, em especial o meia Luka Modric, eleito o craque da última edição do torneio, em 2018, a expectativa em torno da equipe do leste europeu não chega nem perto da badalação criada ao redor dos atletas brasileiros.
A tradição histórica tampouco favorece os croatas, que, desde sua independência no início dos anos 1990, ostentam apenas duas campanhas memoráveis em Copa, mas sem títulos (3º lugar em 1998 e vice-campeões em 2018). Enquanto isso, depois que a Croácia se separou da antiga Iugoslávia, o Brasil já conquistou dois Mundiais (1994 e 2002), chegando a cinco no total.
Fosso financeiro
Quando o assunto é o financeiro, o fosso entre as duas seleções aparenta ser ainda maior. Apenas no ano passado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) faturou R$ 575,750 milhões com patrocínios.
Os números são das Demonstrações Financeiras da entidade, relativas a 2021, e mostram um investimento de R$ 135 milhões na seleção brasileira masculina. A Croácia não tem balanço publicado em inglês. Porém, alguns números ajudam a ilustrar a disparidade de forças entre as duas equipes no campo das finanças.
As duas seleções têm como fornecedora oficial de material esportivo a Nike. O acordo brasileiro com a empresa norte-americana vem desde 1996 e gira em torno de US$ 35,5 milhões ao ano. Enquanto isso, a Croácia recebe £ 1,7 milhão anuais da marca (pouco mais de US$ 2 milhões, pelo câmbio atual). Apenas nesse contrato, a diferença de valores é superior a 17 vezes a favor do Brasil.
Possíveis causas para as disparidades
Vários fatores podem explicar essa disparidade financeira, entre elas as próprias dimensões dos dois países. Enquanto o Brasil está entre as sete nações mais populosas do planeta, com 215 milhões de habitantes, a Croácia tem 3,9 milhões de moradores.
Ainda que o Brasil apresente grandes desigualdades de renda na população, seu mercado acaba por se tornar atraente para marcas globais, que veem na parceria com a seleção verde e amarela uma oportunidade para faturar.
Entre os principais patrocinadores da CBF estão Itaú, Vivo e Guaraná Antarctica (da Ambev), isso sem contar outros parceiros como Mastercard, GOL, Free Fire, Kwai, Zé Delivery, Cimed, Fiat, Pague Menos, Semp TCL, Kavak, Rappi, Três Corações, Technogym, StatSports, Kin Analytics e Globus Italian Excellence.
Já a Croácia tem como principal patrocinador, além da Nike, o Fortenova Group, em um contrato assinado no ano passado e que ficará em vigor até 2025. Entre os outros parceiros da seleção europeia estão Ozujsko, Konzum, HEP, PSK, PBZ, Croatia Osiguranje, Cipi Cips, Croatia Tourism, Jana, T-Mobile, Croatia Airlines, Anic Outdoor, Janaf, Hyundai, Arriva, Joop!, Ban Tours, Pik Vrbovec, Sokol Security, Gaz Nutrition e Puda.
Goleada brasileira nas redes sociais
A dimensão, o alcance e o engajamento das duas seleções nas redes sociais também ajudam a explicar o fosso financeiro existente entre elas, já que as marcas sempre tendem a investir onde sabem que terão visibilidade.
Dos oito times classificados às quartas de final da Copa do Mundo do Catar, o Brasil é o que mais se destaca nessa área, com 31,7 milhões de seguidores. A Croácia, em contrapartida, celebrou recentemente o fato de ter atingido a marca de 1,4 milhões de fãs nas principais redes.
O comparativo entre a popularidade virtual dos craques de cada equipe também mostra diferenças aterradoras. Enquanto o brasileiro Neymar soma 190 milhões de seguidores no Instagram (quase 50 vezes a população total do adversário do Brasil nas quartas de final), Luka Modric conta com pouco mais de 26 milhões de fãs na mesma rede.