Depois de o fenômeno Robinho ter deixado uma rica herança para o Santos, o clube paulista volta a apostar no mercado externo para alavancar seus negócios e, conseqüentemente, sua marca. Mesmo longe de uma vaga para a próxima edição da Taça Libertadores, o clube se prepara para um amistoso no Canadá, contra os portugueses do Sporting, na próxima quarta-feira. Para esta partida, serão usados jogadores do Santos B.
“Só pelo fato de ser o Santos, já houve um alvoroço no Canadá. Recebemos diversos e-mails de lá, com torcedores querendo saber mais informações. Nós podemos nos dar ao luxo de mandar um time B graças a sua competitividade, o que garante que seremos bem representados”, afirma Alex Fernandes, coordenador de marketing do Santos.
Nesta entrevista à Máquina do Esporte, o executivo conta mais detalhes sobre a internacionalização do clube paulista, os benefícios em ter tido um dos grandes ídolos do futebol brasileiro nos últimos anos, além dos pontos positivos em negociar contratos em conjunto com os outros grandes clubes de São Paulo.
Leia a seguir a entrevista:
Máquina do Esporte: O Santos se prepara para realizar um amistoso internacional. Como o marketing do clube pode aproveitar essa oportunidade para ampliar as possibilidades de negócios?
Alex Fernandes: Essa é uma chance fantástica para fortalecermos nossa marca ainda mais no exterior. Nós estamos enviando, por exemplo, camisas autografadas para serem distribuídas entre os torcedores. Além disso, recebemos diversos e-mails de lá, com torcedores querendo saber mais informações. Isso só ajuda a atingirmos novos mercados.
ME: Mas o fato de disputar este amistoso com um time B não acaba prejudicando possíveis ações de marketing?
AF: Nós podemos nos dar ao luxo de mandar um time B graças a sua competitividade, o que garante que seremos bem representados. Se tivéssemos um calendário mais folgado, talvez pudéssemos enviar também a nossa equipe titular. Mas esse não é o caso.
ME: Além desse amistoso, qual outra ação o Santos planeja para fortalecer sua marca no exterior.
AF: Com as nossas franquias das escolinhas Meninos da Vila. Atualmente temos 20 escolas no país, mas para o ano que vem prevemos uma expansão para outros locais do país, além de inaugurarmos unidades no exterior. Já temos alguns contatos sobre o assunto.
ME: O fato de ter tido Robinho como jogador formado no clube ajuda nessa questão?
AF: Com certeza. O que o Robinho deixou ninguém tira. Esse legado. Nós estamos com uma nova geração de torcedores graças a ele. As crianças que se identificam com ele. Eu recebi uma mensagem de um menino que mora no extremo sul do país e disse que torcia para o Santos, mesmo com a sua família inteira torcendo para o Inter. Ele disse que gostava do clube, mesmo com toda a pressão que sofria. Eu mandei uma camisa e uma bandeira para ele. Isso não acontecia antigamente, de tantas crianças se identificando com o Santos.
ME: Coincidentemente, o Santos passou a dar mais importância ao marketing após o título do Campeonato Brasileiro de 2002 e o surgimento da geração de Robinho e Diego…
AF: É verdade. O que aconteceu foi uma mudança de mentalidade. O clube como um todo passou a dar mais importância ao marketing. Antigamente, isso era muito solto. Mas hoje o clube já entende o papel do marketing em uma instituição esportiva grande como o Santos.
ME: Com esse reconhecimento, o marketing consegue abranger também os outros esportes praticados no clube, como caratê, judô, entre outros?
AF: Muito pouco, pela importância que o esporte olímpico representa em geral para os clubes de futebol. Mas um dos objetivos para a próxima gestão é aproximar mais o marketing a estas modalidades. Talvez ter uma pessoa preocupada o tempo todo com os esportes olímpicos.
ME: Hoje o Santos faz parte do G4 (clube que abrange, além do clube do litoral paulista, Corinthians, Palmeiras e São Paulo, com o intuito de realizarem negócios na área de marketing). Por que realizar negociações em conjunto? O clube não ganharia mais discutindo contratos isoladamente?
AF: Não temos que trabalhar sozinhos, mas temos que ser autônomos nas decisões. Mas trabalhar em conjunto é fundamental. Temos que perder essa visão de concorrentes, pois nesse negócio somos todos parceiros. Isso valoriza os licenciamentos e, conseqüentemente, as marcas de todos os envolvidos.
ME: Mas, com essa parceria, o Santos não acaba correndo o risco de ter produtos licenciados que, nem sempre, satisfaçam os seus interesses?
AF: Não. Cada clube tem a sua autonomia. A questão da parceria não é obrigação, e sim opção. Se o Santos achar que não deve licenciar um produto, todos respeitam. E assim acontece com os outros integrantes.
ME: E em relação aos atuais patrocinadores do Santos (Panasonic e Muriel)? A parceria continuará para a próxima temporada?
AF: A tendência é renovar com todos. Eles estão muito satisfeitos, querendo continuar a investir no clube.
ME: Por falar em investimentos, os patrocinadores ajudarão a realizar obras, como a Bombril fez com os camarotes da Vila Belmiro, por exemplo?
AF: Isso ainda não pode ser dito. Qualquer ação nesse sentido depende da assinatura do contrato. Mas a Panasonic, por exemplo, vai inaugurar o seu camarote no dia 25 de novembro.
ME: E as reformas na Vila Belmiro para melhorar a segurança no estádio? O marketing também acaba sendo beneficiado com isso?
AF: Se a gente trabalhar a concepção do marketing de satisfazer todas as necessidades comerciais dos envolvidos, sim. Isso porque o torcedor se sente mais seguro para ir ao estádio. Isso o incentiva a comparecer mais aos jogos do time, consumir, o que beneficia o clube.
ME: Com a saída de Robinho e a campanha irregular dentro de campo, como estão sendo conduzidas as ações de marketing?
AF: Temos que ter cautela. Recentemente, fizemos uma promoção com o fato do gol 11 mil na história do clube. Pedimos para os torcedores enviarem uma redação narrativa contando como seria o gol. Recebemos milhares de respostas da torcida. Então, o importante é sempre chamar atenção aos fatos positivos do clube.