O ano de 2008 é promissor para quem gosta de esportes. Em uma temporada repleta de competições importantes ? como Olimpíadas e Eurocopa – a criação de uma agência de turismo especializada no setor esportivo serve de alento para os torcedores que desejam acompanhar os eventos ?in loco?.
A G6 Esportes entrou no mercado há apenas seis meses. Apesar do pouco tempo de atuação, a empresa já colhe os primeiros frutos da ação pioneira e planeja faturar mais de R$ 1 milhão até o final do ano.
?Nesses seis meses, só para dar uma idéia, foram mais de 200 pacotes vendidos para diversos eventos. E a maior parte dos nossos clientes sempre exalta nossa iniciativa, porque todo mundo procurava por algo assim no mercado?, afirma Caio Buchalla, diretor da agência e um dos mentores do projeto.
Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o executivo revela o interesse dos brasileiros pelo clássico argentino Boca Juniors x River Plate, diz que os ingressos ainda são o ?calcanhar de Aquiles? na hora de montar os pacotes esportivos e vaticina: ?O futuro desse mercado é muito promissor?.
Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: O mercado turístico oferece uma gama variada de ?especialidades?, mas só agora surgiu uma agência especializada em esporte. De onde veio o ?insight? para a criação da G6 Esportes?
Caio Buchalla: Eu senti a necessidade de montar essa agência exclusiva para esportes na própria pele. Todas as minhas viagens sempre têm o esporte como pano de fundo e existia uma grande carência no mercado nesse ramo. Era muito difícil encontrar algo pronto, com todo o suporte que o torcedor precisa. Os ingressos, principalmente, causavam dor de cabeça. Às vezes, o próprio torcedor tinha que buscá-lo na bilheteria, levando passaporte. Eu pesquisava muito sobre esporte e ninguém me oferecia nada específico.
ME: A iniciativa foi bem recebida no mercado? Há demanda para uma agência de turismo exclusiva para esportes?
CB: Muito, é impressionante. Nesses seis meses, só para dar uma idéia, foram mais de 200 pacotes vendidos para diversos eventos. E a maior parte dos nossos clientes sempre exalta nossa iniciativa, porque todo mundo procurava por algo assim no mercado.
ME: Do ponto de vista comercial, quais são os principais atrativos do turismo esportivo?
CB: Eu vejo o esporte crescendo no mundo inteiro. Quem souber explorar esse crescimento, não só no Brasil, vai se dar bem. É muito difícil encontrar alguém não goste de, pelo menos, uma modalidade. Antigamente, eu trabalhava com carnaval fora de época e havia uma troca constante de público, você acaba perdendo clientes. Com o esporte não. Você abrange desde as crianças de 10 anos até idosos de 80. Qualquer coisa que você montar vai ter alguém para agradar. O futuro desse mercado é muito promissor.
ME: Os brasileiros se interessam mais por eventos nacionais ou internacionais?
CB: Por incrível que pareça, a procura maior é por eventos internacionais. Um dos mais fortes no momento é o pacote para o clássico Boca e River, que vai ser disputado no meio de feriado de 1º de maio. Além disso, há a questão da moeda, entre outras coisas.
ME: E o primeiro ano de operações do braço esportivo da G6 acontece em uma temporada cheia de eventos esportivos de grande porte…
CB: Não é exatamente um ano atípico, porque sempre há muito esporte, mas, certamente, é um ano especial. São eventos de muita importância reunidos. Para as Olimpíadas, porém, nós temos os problemas dos ingressos. Só existe uma agência autorizada a vendê-los, que é a Tamoios, de propriedade do Ricardo Teixeira [presidente da Confederação Brasileira de Futebol]. Por isso, só vendemos o pacote para a viagem mesmo. Roland Garros já é um pacote que vende muito normalmente, principalmente porque o público do tênis tem mais dinheiro. Mesmo quando a agência não trabalhava exclusivamente com esporte, nós já vendíamos muito Roland Garros. E Eurocopa é futebol. Brasileiro consome muito futebol.
ME: Entre as competições que serão realizadas em solo brasileiro neste ano, quais são as mais importantes para a agência?
CB: O pacote que deve estourar neste ano é o da Liga Mundial de Vôlei, que terá sua fase final disputada no Rio. Acredito que nós teremos muita procura para esse evento. Além disso, tem o Mundial de Futsal, em Brasília e no Rio. Brasil e Argentina [válido pelas Eliminatórias da Copa de 2010], que vai acontecer em Belo Horizonte, é outro evento que promete. Já tem muita gente procurando, mas ainda não temos informações sobre os ingressos para vender os pacotes. Para as outras duas competições, só estamos aguardando o valor dos ingressos, mas já efetuamos as pré-reservas.
ME: Olimpíadas ou Copa do Mundo? Os brasileiros têm preferência por algum deles?
CB: São eventos totalmente diferentes. É mais fácil vender Copa do Mundo. Pudemos perceber isso quando ainda não trabalhávamos especificamente com esporte. Tivemos entre 30 e 40 clientes para o último Mundial. Desde que criamos a G6 Esportes, no ano passado, ainda não tivemos a chance de trabalhar com a Copa. Para as Olimpíadas de Pequim, principalmente pelo problema dos ingressos, vendemos de 15 a 20 pacotes até agora.
ME: Como a agência organiza e vende os pacotes esportivos?
CB: A gente cria, dentro de uma viagem, um evento esportivo. Os casados, por exemplo, não viajam e deixam a mulher. Se a pessoa quer ir a Paris, nós oferecemos todo o pacote com Roland Garros. Se o cliente vem em busca de uma viagem à Europa, nós adicionamos um jogo de futebol ou de tênis, qualquer coisa que esteja acontecendo no local na época da viagem. Fazemos isso para que todos aproveitem o pacote, quem gosta e quem não gosta de esporte.
ME: O interesse pelo turismo esportivo varia muito ao redor do país?
CB: Existe muita diferença. O poder aquisitivo dos paulistas, nesse caso, faz de São Paulo o principal centro consumidor de turismo esportivo.
ME: A compra de ingressos, geralmente, é uma dor de cabeça para os torcedores que saem de outra cidade ou país para acompanhar algum evento. Oferecer o suporte para esse procedimento é o diferencial da agência?
CB: Sem dúvida. É um alívio para o torcedor não ter que ficar correndo atrás de informações sobre a venda de ingressos, quando, como e onde vai acontecer, essas coisas.
Quando se trata de eventos de grande porte, porém, tudo é muito complicado para os turistas. As tarifas de hotéis excedem muito o valor normal, os aviões têm a maior parte da sua capacidade vendida, tudo é muito alto.
ME: Os pacotes são fechados ou há a possibilidade de o cliente montar uma viagem personalizada?
CB: Na verdade, a gente sabe com antecedência a demanda em cima de cada esporte. Se eu sinto que há alguma coisa que vai vender com certeza, já faço toda a operação. Compro lugares no vôo, reservo hotel, compro ingressos, transfers… Enfim, monto todo o pacote. No entanto, às vezes, acontece de alguém vir atrás de um campeonato de golfe, o que é muito específico, e eu não tenho público para levar um grande número de pessoas. Nesses casos, faço o pacote sob solicitação, ao desejo do cliente.
ME: Existe algum tipo de pesquisa para nortear esse nicho específico do mercado de turismo?
CB: Ainda não existe. Mas, por exemplo, hoje em dia você já vê a TAM fazendo parceria com o Milan. Já ouvi dizer sobre a possibilidade de o Corinthians fechar com a CVC. O pessoal está começando a enxergar isso e, acredito eu, no próximo ano já teremos números de base. Este é o ano da consolidação desse mercado.
ME: A G6 Esportes tem pouco tempo de atuação. Como é feita a divulgação da iniciativa pioneira da agência?
CB: Temos uma parceria com o programa Estádio 97, da 97 FM, e um mailing muito grande com passageiros do esporte de vários anos, além de outros mailings de federações. Mas o que realmente funciona é a divulgação boca-a-boca. Investimos de R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês em mídia.
ME: Qual é a previsão de faturamento para 2008?
CB: Os primeiros dois meses, principalmente, foram surpreendentes para nós. Por isso, acho que a tendência é de que a nossa previsão inicial aumente. A idéia era faturar R$ 1 milhão neste ano.