Carlos Moreira Jr.

No dia 20 de janeiro, os telespectadores brasileiros ganharam mais uma opção para acompanhar eventos esportivos pela televisão. Nesta data, a TV Esporte Interativo passou a funcionar e, além das diversas atrações, a nova emissora apostou no relacionamento direto com a sua audiência, repetindo a fórmula que já havia sido bem-sucedida na faixa Esporte Interativo na Rede TV! e na Band em anos anteriores.

Cinco meses após seu lançamento, os índices de interatividade com o público, medido por meio de acessos e cadastros ao site do canal e também de mensagens de texto enviadas por telefones celulares durante as transmissões cresceram mais do que o esperado.

“O trabalho realizado na TV cresceu em todas as direções neste período. Desde a geração de conteúdo até os dados que temos de audiência, do perfil de público e número de pessoas interagindo conosco via SMS e internet. Todos os parâmetros sofreram alterações positivas desde a nossa estréia, no dia 20 de janeiro”, afirma Carlos Moreira Jr., diretor executivo e sócio-fundador da TV Esporte Interativo.

Outra ferramenta para “ouvir” a opinião dos telespectadores é o site de relacionamentos Orkut. Com mais de 38 mil membros na comunidade oficial da emissora, novidades são testadas e depois avaliadas por meio dos debates entre os usuários.

Essa relação próxima com o telespectador permitiu que o canal desenvolvesse um mapeamento sobre quem é o fã de esporte que acompanha a programação da TV Esporte Interativo. De posse dessas informações, o canal está próximo de criar mais um serviço.

“Hoje estamos entendendo mais o perfil do nosso produto, que é a parabólica, e quem nos assiste. Temos dados de quem interage via celular, dos usuários do nosso site, perfil de quem se cadastrou e o perfil de quem assiste a gente na TV. Em função desses dados, detectamos oportunidades. Então vimos o que esse perfil consome e selecionamos produtos para atender essa demanda. Com isso montamos o nosso próprio sistema de televendas”, diz Moreira Jr.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o executivo conta como o canal faz para saber sua própria audiência, explica o porquê de ter poucos anunciantes e ainda revela quais serão as novidades na programação da TV Esporte Interativo nos próximos meses.

Leia a seguir a entrevista na íntegra:

Máquina do Esporte: Qual a avaliação destes pouco mais de cinco meses de trabalho com a TV Esporte Interativo?

Carlos Moreira Jr.: O trabalho realizado na TV cresceu em todas as direções neste período. Desde a geração de conteúdo até os dados que temos de audiência, do perfil de público e número de pessoas interagindo conosco via SMS e internet. Todos os parâmetros sofreram alterações positivas desde a nossa estréia, no dia 20 de janeiro.

ME: A interatividade sempre foi uma das principais bandeiras deste projeto. Quais são os números atuais de participação do público?

CMJ: Até o lançamento da TV, tínhamos 130 mil cadastrados no site. Hoje temos mais de 320 mil cadastrados. Um dado relevante do nosso site é que tínhamos 2 milhões de page views, hoje está em 14 milhões. As visitas estavam em torno de 350 mil e agora está na marca de 1,5 milhão. Foram saltos muito grandes.

ME: Esse salto também aconteceu com as mensagens de texto?

CMJ: No celular nós também tivemos um crescimento de usuários únicos muito relevante. Demos um salto de 900 mil usuários para mais de 1,2 milhão e, dependendo do jogo, chega na casa de dois a 2,5 milhões.

ME: Como é a participação da TV com sites de relacionamento, como o Orkut?

CMJ: Na nossa comunidade nós temos mais de 38 mil participantes, com as pessoas interagindo e muitos temas estão lotados. Às vezes lançamos alguns temas para testar a reação das pessoas. Nós ficamos constantemente em uma linguagem coloquial, bastante informal, dentro da programação e depois vê como reverbera dentro da comunidade. O Orkut é um indicador muito usado no dia-a-dia.

ME: As opiniões ou pedidos feitos na comunidade são atendidos por vocês?

CMJ: Nós sempre vimos algumas demandas e desejos por parte dos freqüentadores. A NBA era um assunto muito debatido, então resolvemos transmitir. Esse é um exemplo entre outros assuntos que vamos testando no dia-a-dia e vendo qual a reação. Aos poucos vamos conhecendo um pouco do perfil e dos gostos dos nossos telespectadores.

ME: Qual é o sistema usado para medição da audiência da TV Esporte Interativo?

CMJ: Nós temos diversas referências numéricas de audiência. Nós fazemos uma associação direta da audiência que temos na Band [com a transmissão dos jogos do Campeonato Italiano dentro da faixa Esporte Interativo] com o número de torpedos que recebemos. Se um jogo teve quatro pontos e quatro chamadas para participar da interatividade com SMS, a gente avalia quantos torpedos recebemos. Pegamos então na nossa TV um jogo com relevância e em um horário legal, medimos quantos torpedos recebemos e chegamos a um número. É uma conta de trás para frente para chegarmos à audiência.

ME: E como estão os índices de audiência na TV?

CMJ: Sistematicamente, vem obtendo 25% da nossa audiência na Band. Se tivesse o mesmo jogo, um dia ao vivo na Band ele dá quatro pontos e na nossa TV dá um ponto. As nossas estimativas mais conservadoras apontam para uma audiência média dos jogos ao vivo de futebol de 200 mil domicílios.

ME: Apesar desses bons números, por que a TV Esporte Interativo não conta com um grande número de anunciantes?

CMJ: Todos os anunciantes que estiveram presentes nas nossas transmissões ao longo desses três anos permanecem conosco independentemente da plataforma de distribuição. É o caso da TIM e da Embratel. Elas estão presentes tanto na Band quando na TV. Aqueles que já entenderam a nossa forma de trabalhar não saíram.

ME: Existe alguma negociação para que novos anunciantes se juntem à TV?

CMJ: Nós estamos em conversas muito avançadas com algumas empresas. Uma do segmento de refrigerantes e outra do segmento de cervejas.

ME: Como é o trabalho de captação destas empresas se a TV Esporte Interativo ainda não tem um índice de audiência consolidado?

CMJ: Aliado à geração de receita e venda de produtos. Nós fazemos o lançamento de uma nova marca ou então de um produto específico. Podemos fazemos promoções do tipo compre um produto e concorra a um prêmio, por exemplo, ou colecionar algum item. Isso você consegue medir, pois as pessoas consomem.

ME: Para o restante do ano, a TV Esporte Interativo irá adquirir os direitos de algum novo campeonato?

CMJ: Estamos em um período de entressafra, com o fim dos campeonatos na Europa. Nós não fizemos o anúncio oficial, mas iremos transmitir quatro mundiais de junho a setembro. Vamos exibir o Mundial de Vôlei de Praia masculino e feminino, Campeonato Mundial sub-20, sub-17 e também o feminino de futebol. Com isso fazemos a ponte até o retorno das temporadas. Mas teremos outras novidades pela frente.

ME: Vocês também devem lançar em breve um projeto de shopping virtual. Como será esta iniciativa?

CMJ: Será como o próprio nome diz, um shopping virtual. Hoje estamos entendendo mais o perfil do nosso produto, que é a parabólica, e quem nos assiste. Temos dados de quem interage via celular, dos usuários do nosso site, perfil de quem se cadastrou e o perfil de quem assiste a gente na TV. Em função desses dados, detectamos oportunidades. Então vimos o que esse perfil consome e selecionamos produtos para atender essa demanda. Com isso montamos o nosso próprio sistema de televendas.

ME: Quais produtos serão vendidos neste shopping virtual?

CMJ: Nós ainda estamos compilando os resultados, mas no momento estamos testando alguns produtos diferentes como Cds, DVDs, aparelhos de ginástica e outros produtos voltados para pessoas que consomem o esporte.

ME: Quando este projeto será lançado e qual será seu nome?

CMJ: Ele vai ser lançado ao longo do mês de julho, mas ainda não foi batizado. Eu chamaria o conceito como um todo como “Loja do Esporte Interativo”.

Sair da versão mobile