O ano em que a Kappa apostou na renovação de sua imagem diante dos consumidores será sucedido por uma estratégia ainda mais localizada de marketing. Se, em 2008, a empresa buscou uma recuperação de imagem na mídia, agora, o objetivo é trabalhar melhor no ponto de venda.
O pontapé inicial do plano começou cedo. Nesta semana, o grupo Dass, que comercializa as marcas Kappa, Umbro, Fila e Try On no Brasil, antecipou o lançamento de sua coleção outono/inverno de 2009, em evento na zona sul de São Paulo para clientes vips. Na ocasião, a reportagem da Máquina do Esporte conversou com Débora Franco, gerente de marketing da Kappa, sobre o futuro da marca no país.
?Neste ano nós fizemos a comunicação da marca, já sinalizamos os nossos produtos, e a idéia é trabalhar mais próximo do consumidor no ano que vem, agindo com expositores, vendedores e novos parceiros?, diz a executiva.
Parceira do Botafogo, a Kappa não prevê uma ampliação nos contratos de futebol, que ainda é considerado o principal esporte da marca. A idéia é aproveitar os principais contratos internacionais e as parcerias com jogadores para potencializar as vendas.
?Hoje nós temos contrato com algumas equipes internacionais importantes, como a Roma e a Jamaica. Nós vamos trabalhar bem esses produtos, além de tentar ampliar a nossa atuação com o Botafogo?, afirma Débora.
Se o futebol ficará com as ações em banho-maria, outro segmento deve receber uma atenção especial no ano que vem. O cada vez mais concorrido setor das corridas de rua terá atuação mais destacada da marca italiana, que se junta a outros gigantes do setor com o foco na modalidade.
?A Kappa está de olho nas corridas de rua. Ainda não dá para falar em prioridade, mas nós estamos lançando uma linha de calçados de maior qualidade, que já conseguem brigar com as principais fabricantes?.
Leia a seguir a íntegra da entrevista com Débora Franco:
Máquina do Esporte: Quais são as vantagens da Kappa com esta exposição feita pelo grupo Dass para seus principais clientes?
Débora Franco: Em primeiro lugar queremos criar uma sinergia entre as marcas, aumentar a relação entre elas. Além disso, com essa antecipação da coleção nós conseguimos programar os pedidos dos principais lojistas. Nós saímos daqui com várias entregas para o mês de janeiro.
ME: Isso garante mais espaço nas lojas em 2009? É possível, com isso, barganhar espaço em setores específicos ou algo do gênero?
DF: Sempre que oferecemos algum benefício, como a exclusividade em algumas regiões e até alguns descontos, conseguimos algumas contrapartidas, mas não precisa ser necessariamente assim.
ME: E qual a estratégia da Kappa para o ano que vem?
DF: Olha, nesse ano nosso principal trabalho foi com comunicação. Nós já sinalizamos os produtos, voltamos à mídia. Agora em 2009 a idéia trabalhar melhor com os pontos de venda. Queremos ampliar essa rede, focar em ações como corners, expositores e vendedores, trabalhando mais próximos do consumidor mesmo. Também podemos fazer mais ações em outdoor, reforçando o posicionamento de 2008.
ME: O grande trabalho de vocês esse ano foi mesmo a estratégia de comunicação?
DF: Sim. Nós fizemos um trabalho forte nesse lado. Criamos basicamente três novos conceitos sobre a marca, que tem de ser original, provocativa e inquieta. Isso vai até dezembro, com ações em nove títulos impressos de grande circulação.
ME: E o que dá para pensar em termos de mídia para 2009?
DF: Nossa idéia no ano que vem é manter tudo isso. Depois de comunicar, a nossa idéia é conquistar o consumidor final, e por isso que digo que vamos focar mais em pontos de venda.
ME: Hoje ainda não tem como desvincular a Kappa do futebol. Esse esporte continua sendo o carro-chefe da marca? Há previsão de ampliação nos contratos de patrocínio?
DF: Continua sendo sim. Hoje a gente está com alguns acordos internacionais importantes, que queremos trabalhar bem, como a Roma e a seleção da Jamaica. Aqui no Brasil nós não temos intenção de conseguir mais clubes, pelo menos por enquanto. Nós já temos o Botafogo, e estamos pensando com eles um plano mais efetivo, ampliando o mix de produtos e focando, especialmente, no público feminino, que é um mercado que está crescendo bastante.
ME: E vocês pensam em alguma possibilidade fora do futebol?
DF: Bom, a marca é muito ligada ao futebol. Ela nasceu aí e é reconhecida assim, mas já pode dizer que é multi-esportiva. Nós não temos um grande número de clubes, mas trabalhamos, por exemplo, com clubes de força regional como o CSA [de Alagoas]. Agora, nós pretendemos olhar com mais atenção para training e fitness, por exemplo.
ME: O segmento de corridas entra nesse projeto?
DF: Sim. A Kappa está de olho nas corridas de rua. Ainda não dá para falar em prioridade, mas nós estamos lançando uma linha de calçados de maior qualidade, que já consegue brigar com as principais fabricantes.
ME: E o que a Kappa pode trazer de surpresa em 2009?
DF: Como eu disse, nós estamos ampliando nossa atuação em training e fitness, e no próximo ano nós podemos fechar contrato com uma grande rede de academias. Nós já tínhamos um contrato do tipo com a [academia] Formula, mas não renovamos.