Os cinco títulos mundiais e a fama de revelar os melhores jogadores do mundo transformaram o Brasil no “país do futebol”. O sucesso dentro de campo e a profissionalização do esporte criaram, pouco a pouco, uma cultura consumidora entre o público fanático pelo esporte. Com o aumento constante do contigente de torcedores, as tradicionais lojas de esporte não conseguiam atender à demanda por artigos oficiais que representassem a maior paixão nacional.
Ciente dessa lacuna, o empresário Eduardo Rosemberg resolveu criar um espaço segmentado para atender aos anseios dos torcedores. Ao lado de um outro sócio, o executivo investiu na abertura da Roxos e Doentes, em 1999. O início foi modesto, com uma loja de apenas 33 metros quadrados no Shopping Light, no centro de São Paulo.
“No começo, a gente tinha muitas camisas de diversos clubes. Com o tempo percebemos que era melhor diversificar os produtos com os times de São Paulo mesmo. Foi um aprendizado no decorrer dos anos”, afirmou Rosemberg.
Atualmente, a Roxos e Doentes tem seis lojas próprias e vai inaugurar, em 2008, a sétima. Será em Belo Horizonte (MG), a primeira fora da capital paulista. Além disso, a empresa faz a gestão de unidades físicas e virtuais de 12 clubes, incluindo o Milan da Itália.
“Hoje, mais da metade de nosso faturamento tem origem nas lojas do clubes. Viramos um ponto de distribuição dos produtos licenciados, o que gera uma receita que antes eles não tinham”, explicou o executivo.
No caso do Milan, Rosemberg disse que a parceria, anunciada recentemente, foi possível graças a um acordo com a Golden Goal. A Roxos e Doentes já havia realizado em suas lojas uma ação para o clube italiano.
Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o executivo fala ainda do início das atividades da Roxos e Doentes, de como surgiram os negócios com os clubes, além de debater o mercado de futebol brasileiro.
Confira a entrevista na íntegra:
Máquina do Esporte: Como surgiu a idéia de montar a Roxos e Doentes?
Eduardo Rosemberg: A história da Roxos começa com a inauguração em 1999. Foi uma pequena loja de 33 metros quadrados no Shopping Light, em São Paulo. Na época eu tinha um sócio também fanático por futebol. Nós sentíamos que havia uma grande necessidade de uma loja de oferecer produtos de futebol para o torcedor, já que não existia essa especialidade. Hoje a sociedade é com Ezra Nasser Neto.
ME: Qual é a diferença que existe no mercado desse tipo de produtos atualmente e quando vocês começaram?
ER: Eu não tinha experiência no varejo e algumas coisas a gente vai aprendendo com o tempo. No início, nos preocupamos em oferecer camisas da maior quantidade de clubes possíveis. Depois, percebemos que o melhor era ter uma grande volume de produtos das equipes locais. Uma mudança que foi notada nesses oito anos é o crescimento pela procura de camisas de equipes internacionais. Isso se deve ao fato de ter muitas estrelas na Europa, grande exposição dos jogos e, também, o preço mais acessível que anos atrás. Outro ponto é a maior quantidade de mulheres e crianças procurando os produtos das equipes.
ME: De que forma vocês começaram a trabalhar como os clubes?
ER: A partir do momento que começamos a ter espaço em nossas lojas para as equipes, passamos a ser um ponto de distribuição dos produtos licenciados. Antes, esta era a grande dificuldade encontrada. Com o tempo, a Roxos se tornou uma referência para os clubes e, a partir daí, surgiram os primeiros acordos de lojas e sites.
ME: Qual foi o primeiro clube a fazer o acordo?
ER: É algo bastante recente. O Corinthians foi a primeira equipe, em 2001. No ano seguinte fechamos acordo com o Atlético Mineiro e com o Internacional
ME: O quanto esse conceito de loja dos clubes representa para a Roxos?
ER: Hoje, equivale a cerca de 60% de nossa receita. Aqui dividimos a empresa em duas unidades de negócios: clubes e Roxos. Cada uma delas tem uma equipe própria que é treinada para atuar nas funções. No caso dos clubes, existem algumas particularidades, como a obrigatoriedade de quem for trabalhar nas lojas ser torcedor. É um trabalho que é totalmente desenvolvido em pareceria da loja com a equipe. O mais importante é que o clube passa a ter uma receita que antes não tinha.
ME: Com quantas equipes a Roxos trabalha atualmente?
ER: São 12. Corinthians, Atlético Mineiro, Bahia, Flamengo, Sport, Internacional, Figueirense, Coritiba, São Paulo, Cruzeiro, Goiás e, agora, o Milan.
ME: Existe contatos com outras equipes?
ER: Diversos clubes do país já nos procuraram, mas não podemos falar nada por enquanto.
ME: Qual clube apresenta melhor desempenho nas vendas?
ER: Isso é muito variável. Claro que a loja do Inter vende mais do que a do Goiás, já que a torcida é maior. As vendas das lojas variam muito de acordo com o desempenho de cada clube. Aliás, o fato de trabalharmos com diversos clubes faz com que nossas receitas não sejam afetadas pelas campanhas nas competições.
ME: Como surgiu a oportunidade de gerir a loja virtual do Milan no Brasil?
ER: Foi por meio da Golden Goal, que representa o clube no país. A Roxos já tinha sido ponto de inscrição para o Milan Camp, então já havia essa proximidade com eles.
ME: Após as primeiras semanas, como foram as vendas?
ER: Foi até certo ponto surpreendente. Claro que não foi um volume igual aos grandes clubes, mas dentro da Roxos, o Milan é o estrangeiro que mais vende.
ME: A Roxos já negocia com outras equipes do exterior?
ER:: Já temos algumas conversas, mas nada concreto ainda.
ME: No site, a Roxos está vendendo a camisa do Roberto Carlos do Fenerbahçe. Esse acordo é com o jogador?
ER:: Não, é uma parceria com a Adidas. É possível que aconteça com outros jogadores.
ME: Qual é o futuro do mercado de produtos de futebol?
ER: É um segmento que tem crescido ano a ano e a tendência é que continue isso. Os clubes devem apresentar cada vez mais opções de produtos para seus torcedores, já que eles pretendem elevar as receitas. Um problema que precisa ser resolvido é a distribuição, que ainda não é eficiente.