Mais de três anos depois, a World Wrestling Entertainment (WWE) voltou a apostar no Brasil. A liga de luta-livre dos Estados Unidos fechou acordo com a TV Esporte Interativo para a exibição de um show semanal no país, e esse é o pontapé de um novo plano de expansão voltado à região.
A primeira investida aconteceu no fim de 2007, quando a WWE acertou com o SBT. Na época, o contrato foi assinado por três anos, mas as transmissões foram interrompidas na temporada seguinte porque o Ministério Público reclassificou o conteúdo e inviabilizou programas às 16h, faixa escolhida pela emissora.
A organização do WWE chegou a dizer, em abril de 2008, que tinha um responsável pela liga na América Latina trabalhando para que o projeto não fosse abandoando no Brasil. Contudo, ele não conseguiu evitar o hiato.
O exílio do WWE acabou somente quando a liga fechou com a TV Esporte Interativo. O show será exibido pelo canal às 22h de quarta-feira, mesmo horário do futebol na Bandeirantes e na Globo.
A meta do WWE é clara: aproveitar espaço na TV para criar uma base de fãs no Brasil. A partir disso, realizar eventos no país e montar um plano de merchandising para a região.
Uma das apostas da liga para possibilitar isso é o crescente interesse do Brasil pelo UFC. “A popularidade do UFC no Brasil despertou muitas pessoas que já estavam interessadas sobre o que pode acontecer dentro de um ringue. E o WWE tem a versão com mais entretenimento do que pode acontecer dentro dos quatro postes”, disse Evan Bourne, superstar da liga, em recente passagem por São Paulo.
Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Bourne fala sobre as diferenças entre o atual projeto e o cenário de 2007, quando o WWE apostou no Brasil pela primeira vez. E mostra que, assim como aconteceu naquela época, o país ganhou status prioritário para o evento.
Confira a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: Por que o WWE decidiu voltar ao Brasil agora?
Evan Bourne: Eu acho que o WWE no Brasil está pronto para crescer hoje. Vamos passar nosso show na TV Esporte Interativo, semanalmente, às 22h. Isso vai iniciar um aumento de audiência e criar um público que nós poderemos efetivamente usar em eventos ao vivo e realmente transformar o Brasil em um dos países para o evento.
ME: Quais são as diferenças entre o WWE que foi exibido aqui anteriormente e o show que será mostrado agora?
EB: A principal diferença é que agora vocês terão Evan Bourne. Evan Bourne não estava por perto antes. Eu nem sei o que se passava. Agora, acho que todos os fãs do Brasil amam o estilo de voo e movimentos, e acho que eles vão amar o show.
ME: Quais são diferenciais que o WWE oferece em termos de negócio? Como a liga pretende convencer empresas brasileiras a investir?
EB: Qualquer companhia que fizer uma parceria com o WWE fará um grande investimento porque nós temos muito superstars, e eles se relacionam muito perto com os fãs. As pessoas não são fãs casuais do WWE, mas obcecadas, loucas e entusiasmadas. É isso que nós trazemos: nós trazemos fãs que são emocionalmente ligados ao produto.
ME: Por quê?
EB: Eu acho que é porque sempre que você vê o WWE ao vivo é uma experiência memorável. Nós realmente entregamos um show diferente na TV.
ME: Existe plano de realizar um evento de WWE no Brasil ou a ideia é focar apenas na transmissão televisiva?
EB: No mundo ideal, amaríamos passar um tempo aqui no Brasil e fazer um tour que incluísse o país. Estamos fazendo o Chile agora, e acredito que estamos muito próximos daqui. Assim que aumentarmos a base de fãs aqui nós faremos eventos ao vivo e iniciaremos merchandising e outras coisas.
ME: O primeiro passo do WWE para essa retomada no Brasil é colocar o show na TV e fortalecer a base de fãs. O segundo passo, como você disse, é fazer eventos no país. Qual é o terceiro passo?
EB: O terceiro passo é realmente fazer um evento que mexa com todas as pessoas do Brasil. Vocês têm a Copa do Mundo vindo, têm o UFC. Não seria legal ter um evento de verão? Se tivermos a resposta dos fãs, sempre vamos entregar o melhor.
ME: Você citou o UFC. Existe alguma relação entre o crescimento de popularidade do MMA no Brasil e a intenção de vocês de apostar no país?
EB: A popularidade do UFC no Brasil despertou muitas pessoas que já estavam interessadas sobre o que pode acontecer dentro de um ringue. E o WWE tem a versão com mais entretenimento do que pode acontecer dentro dos quatro postes. O que nós vamos trazer é essa combinação de encantamento, um pouco de comédia, boa música, ação, emoção e muita coisa amarrada em um. Então, entregaremos aos fãs uma experiência melhor do que o UFC.
ME: Você, superstar do WWE, tem patrocínios próprios?
EB: Eu sou patrocinado por cada fã que eu tenho. Não tenho nenhum patrocínio corporativo ou alguma coisa assim. Minha obrigação número 1 é com eles.
ME: De que forma os superstars se relacionam com os patrocinadores corporativos da liga?
EB: Sempre fazemos encontros com nossos patrocinadores para relacionamento na arena antes do show. É sempre legal encontrar pessoas que apoiam o que estamos fazendo, e nós ficamos sempre felizes em poder devolver de alguma forma essa confiança.
ME: Existe algum projeto para venda de produtos licenciados do WWE no Brasil?
EB: A venda de licenciados é parte do nosso plano, sim. Como eu disse, vamos fazer ações de merchandising quando trouxermos o evento para cá. Quando a base de fãs estiver consolidada, aí vamos pensar em vender produtos.