Marcelo Teixeira

O futebol brasileiro está se tornando cada vez mais profissional. Uma das novidades nesse aspecto, é a popularização do Scouting, que, em português, é traduzido para “explorar”.

Exemplificado no filme “Moneyball”, ou “O Homem que Mudou o Jogo”, o conceito de Scouting consiste em analisar de forma técnica e numérica o esporte. Dessa forma, um especialista consegue detectar com mais precisão as virtudes e as vulnerabilidades de uma equipe adversária ou de um atleta.

Afim de aproximar os brasileiros dessa “novidade”, a Quest – Soluções para o Esporte promove regularmente um curso de Análise de Desempenho e Scouting. O mais novo reforço para o projeto é o gerente executivo de futebol do Fluminense Marcelo Teixeira, que ministrará aulas na edição do Rio de Janeiro, que acontece nesta semana.

O profissional também é um dos grandes responsáveis pelos projetos recentes de internacionalização do futebol do clube carioca.

A Máquina do Esporte realizou uma entrevista exclusiva com Marcelo Teixeira, confira:

Máquina do Esporte: Como funciona exatamente o curso de Scouting?
Marcelo Teixeira
: O curso de Scouting é uma grande oportunidade de ampliar a divulgação desse método no Brasil. O objetivo é mostrar e ensinar as melhores formas de mapear o esporte. Com isso, é possível escolher os atletas que mais se encaixam no perfil de trabalho de um determinado clube e de que maneira esse esportista pode render mais. O mais importante, tudo isso antes do adversário.

ME: Qual será o formato do curso?
MT:
O curso desmembrou os conceitos de Scouting em diversos temas, como: “Relação entre Scouts e executivos”, “O modelo do Fluminense”, “Scouting Nacional e Internacional”, “Análise de desempenho”, “Mapa de formação de atletas no mercado brasileiro”, entre outros. Todos esses temas serão mostrados em quatro dias de curso.

ME: Você considera o Scouting pouco trabalhado no Brasil?
MT:
Sem dúvida nenhuma, o Scouting é pouquíssimo trabalhado no Brasil. Os profissionais do exterior tem maior domínio sobre o assunto, mas no Brasil são raras as pessoas que entendem a importância disso para o esporte.

ME: Você disse que os profissionais do exterior tem maior domínio sobre o assunto. É por isso que o curso vai contar com Rui Oliveira, Consultor de Fundos de Investimento do Benfica?
MT:
Acho que a participação do Rui Oliveira será muito positiva. A Europa tem um conceito de visão do atleta muito diferente do Brasil. Lá, essa parte de análise técnica do esporte esta muito mais amadurecida. Por isso, a participação de um profissional que atua no exterior é importante.

ME: Você trabalhou quatro anos no Scouting do Manchester United, como foi a experiência?
MT:
Foi muito interessante, eu fiquei quatro anos fazendo o Scouting do Manchester para a América do Sul. Um dos objetivos do trabalho era analisar o mercado, visando tanto jovens talentos como veteranos. Nesse período indiquei atletas como Lucas, ex-São Paulo, e Douglas Costa, que jogou no Grêmio, infelizmente as negociações não deram certo.

ME: Você é um dos principais responsáveis por esse projeto de internacionalização do Fluminense. Como está sendo o trabalho e qual a importância disso?
MT:
Na verdade, não é um projeto de internacionalização da marca do clube, é a internacionalização do futebol e dos jogadores. O objetivo é melhorar a formação dos jogadores, com isso a imagem do clube também é levada para o exterior.

No projeto, nós fazemos diversas parcerias com clubes do exterior para realizar um intercâmbio de atletas. Em apenas um ano, o programa já rendeu grandes frutos.

ME: Quando propôs esse projeto de internacionalização do futebol no Fluminense, como foi a aceitação dos outros profissionais do clube?

MT: O projetor precisou passar pela aprovação do presidente (Peter Siemsen) e do Rodrigo Caetano (diretor de futebol do clube). Assim que eles viram o projeto, deram o maior apoio e compreenderam a importância disso para os atletas.

ME: O Fluminense possui parcerias com clubes de diversos países, como Argentina, Polônia e China? Como é feita a seleção desses países? Existe algum preferido?
MT:
Portugal é o preferido, até pela questão da adaptação com o idioma, mas até hoje não conseguimos fechar nenhum acordo com clubes de lá. A gente busca times que tenham pessoas competentes trabalhando e que a gente entenda que um intercâmbio será proveitoso. Clubes menores são interessantes, pois muitas vezes dão mais atenção aos jogadores.

ME: O Fluminense tem uma verba definida para trabalhar com a internacionalização?
MT:
É um orçamento pequeno, preferia não falar especificamente em números.

ME: O que podemos esperar daqui para frente?
MT:
Vamos continuar realizando esse trabalho com os atletas da base do clube. O Fluminense quer ser reconhecido como um grande formador de atletas. Para isso, é necessário um plano de estruturação e carreira para esses jovens, para que eles se tornem bons profissionais, tanto no Fluminense como fora do clube.

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