Megan Compain

Desde meados do ano passado, a Adidas decidiu investir maciçamente no basquete. Após adquirir a Reebok, a companhia alemã voltou seus olhos para um dos esportes mais praticados nos Estados Unidos, país que é a bola da vez nos investimentos da empresa.

Num acordo inédito, a Adidas fechou um patrocínio de 11 anos com a National Basketball Association (NBA), liga de basquete mais poderosa do mundo. Em outubro próximo a campanha Adidas-NBA começa a ser divulgada mundialmente.

Antes disso, porém, a empresa alemã começa a colher os frutos da parceria com o basquete dos Estados Unidos. Após realizar em São Paulo o Adidas Camp, evento que reúne os jovens mais talentosos da América Latina, a fabricante de material esportivo prepara uma série de jogos amistosos de quatro equipes da NBA na Europa.

No Brasil, o foco, por enquanto, é investir nos atletas que atuam na liga dos Estados Unidos, como Nenê e Leandrinho, que participou do Adidas Camp na capital paulista durante a segunda semana de julho.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, a gerente global de marketing para esportes de quadra da Adidas e ex-jogadora de basquete, Megan Compain, explica o motivo de o atleta brasileiro ser comercialmente mais interessante que o basquete como um todo. E, ainda, diz que em breve o país deverá receber uma partida com astros da NBA.

Leia a seguir a entrevista com Megan Compain:

Máquina do Esporte: A Adidas tem sua história ligada ao futebol. Por que a decisão de investir na NBA?

Megan Compain: Como uma empresa que tem tradição no futebol, estávamos olhando para outras modalidades. E depois do futebol, o segundo esporte no mundo é o basquete. Para ser uma empresa legitimamente mundial, você tem de estar no basquete e, principalmente, na NBA. Mas não vamos parar na NBA.

ME: Quais são os próximos passos da empresa para o basquete?

MC: Não podemos falar sobre o que será feito, mas sem dúvida que estamos pensando em algo. Haverá outras parcerias, com certeza.

ME: Existe o projeto de fazer o Adidas Camp em outros lugares?

MC: Sim. Alguns países nunca têm a chance de ver jogadores da NBA. É uma oportunidade grande de levar jogadores da liga para as pessoas conhecerem.

ME: A história da NBA desde a chegada de David Stern à liderança da liga é marcada por uma forte expansão aos outros mercados do exterior, fazendo a liga ser conhecida mundialmente. A Adidas vai trabalhar em conjunto com a liga nesse processo?

MC: Muito. Em outubro próximo quatro times da NBA vão jogar em quatro cidades européias. Esse evento servirá como uma plataforma para anunciar o nosso patrocínio à NBA. Mas não vamos parar nisso. Pretendemos assinar com novos talentos da NBA, investir em jogadores jovens. Temos excelentes jogadores, que não são apenas bons em quadra, mas são grandes embaixadores para a liga e para os seus países. Eles dão apoio às crianças e a oportunidade para os garotos jogarem com atletas da NBA. Nós trabalhamos com eles tanto comercialmente quanto para o desenvolvimento do esporte. Temos um compromisso para ajudar no crescimento do esporte. É exatamente isso que queremos. Um alcance global e a oportunidade de as pessoas jogarem.

ME: E em relação ao Brasil? Atualmente temos uma grave crise no basquete do nosso país. A Adidas tem interesse em investir no mercado nacional?

MC: Soube do que tem acontecido no país. Temos de nos manter fora do lado político da questão. Nossa estratégia é investir em time e nos atletas. Mas atualmente é melhor investir apenas nos jogadores brasileiros que estão na NBA e esperar que a situação se resolva.

ME: O objetivo agora é trabalhar com um foco maior na América Latina como um todo, especialmente em conjunto com a NBA?

MC: Nós olhamos para a lista de jogadores internacionais da NBA e percebemos que muitos deles vêm daqui. Principalmente do Brasil, da Argentina e do México. Dentro da estratégia da NBA, incluem-se também jogadores internacionais e jogos de exibição internacionais. Não seria fácil termos uma franquia em Londres, por exemplo, mas esses jogos de pré-temporada sem dúvida é interessante. Isso nos dá a oportunidade de ver melhor os jogos e os jogadores. Para mim não seria surpresa se o Brasil tivesse um jogo da NBA. Não esse ano, mas brevemente.

ME: Até agora falamos apenas sobre o basquete jogado pelos homens. E o basquete das mulheres? Não há interesse da Adidas em investir nesse mercado, como acontece por exemplo no futebol, em que as mulheres hoje ocupam um espaço cada vez maior na estratégia de marketing da empresa?

MC: Existe um fenômeno na NBA que é uma audiência cada vez maior do público feminino. Elas estão interessadas no jogo dos homens. Mas isso não vai fazer com que a gente venda mais tênis. No nosso caso, dentro do pacote de patrocínio à NBA, temos também de trabalhar a WNBA. Será a primeira vez que olharemos de outra forma para o jogo das mulheres.

ME: E qual é a diferença que tem para se trabalhar?

MC: É um desafio trabalhar com a WNBA. É algo diferente. Você tem 15 mil pessoas no ginásio, muitas crianças e mulheres. Mas como ex-jogadora eu posso dizer. A história das jogadoras é muito inspiradora. E é com isso que devemos trabalhar.

Sair da versão mobile