Por quase uma década, os torcedores do Vasco se acostumaram a ver apenas a tradicional faixa transversal na camisa do time. O clube passou oito anos sem ter contrato assinado com nenhum patrocinador, à exceção do acordo temporário firmado com o BMG na época do milésimo gol de Romário.
A novela terminou em janeiro, quando a MRV Engenharia foi anunciada como a primeira patrocinadora da camisa vascaína no século XXI. Pelo acordo, a empresa desembolsará R$ 7 milhões anuais e terá um importante aliado em seu projeto de expansão em território nacional.
“O Vasco tem apelo em todo o país, até mais do que o Atlético [Mineiro]. Essa associação vai nos dar um reconhecimento maior da marca. O clube é muito forte no Nordeste e vai ajudar na exposição da MRV nessa região, principalmente porque estamos expandindo nossa atuação em 54 cidades ao redor do Brasil”, avalia Rodrigo de Resende, superintendente de marketing da construtora.
Para o executivo, boa parte do mérito do sensível crescimento da empresa nos últimos anos está condicionado ao marketing esportivo. Ele lembra a importância do Atlético Mineiro, clube que foi patrocinado pela MRV durante quatro temporadas, e do time de vôlei feminino do Minas Tênis Clube, que contou com o apoio da marca por nove anos, neste processo.
“O Atlético contribuiu para um salto de visibilidade da marca da construtora muito importante”, afirma Resende. “O esporte faz parte da vida das pessoas, é uma alternativa de inserção social e nos aproxima cada vez mais da sociedade. Isso sem contar a visibilidade que ele nos proporciona”, completa o executivo.
Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Rodrigo de Resende fala sobre os planos da MRV para o Vasco, conta detalhes do rompimento com o time de Belo Horizonte e revela que os Jogos Olímpicos de Pequim fazem parte do projeto da empresa para 2008.
Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Máquina do Esporte: A MRV é uma empresa mineira e tem tradição em investimentos dentro do estado. É a primeira vez que a construtora investe no esporte fora da fronteira mineira?
Rodrigo de Resende: A gente já trabalhou com clubes do vôlei fora de Minas, no interior de São Paulo. Mesmo sendo um clube de Belo Horizonte, nós consideramos o patrocínio ao Atlético Mineiro o último investimento da empresa que extrapolou fronteiras, por ser um time de expressão nacional.
ME: A escolha do Vasco é uma estratégia para expandir a atuação da empresa para o Rio de Janeiro?
RR: Vai muito além do Rio. O Vasco tem apelo em todo o país, até mais do que o Atlético. Essa associação vai nos dar um reconhecimento maior da marca. O clube é muito forte no Nordeste e [o patrocínio] vai ajudar na exposição da MRV nessa região, principalmente porque estamos expandindo nossa atuação para 54 cidades ao redor do Brasil.
ME: A MRV já decidiu quais serão as primeiras ações desenvolvidas com o novo parceiro?
RR: A assinatura do contrato é muito recente. Neste primeiro momento, vamos apenas utilizar as propriedades que nos foram cedidas pelo contrato, como o espaço na camisa e as placas no estádio. Também queremos fazer um trabalho de relacionamento com os torcedores vascaínos, mas não está decidido como isso será colocado em prática. Além disso, vamos trabalhar forte no site do clube.
ME: A empresa tem interesse em expandir o aporte no futebol para outros centros?
RR: O Vasco é a nossa ação agora. Nada impede que a gente trabalhe com times de São Paulo, do Sul ou do Nordeste. Mas, no momento, não temos essa pretensão. Nosso objetivo imediato é trabalhar com o Vasco e fortalecer essa parceria.
ME: A MRV tinha contrato firmado com o Atlético Mineiro no ano passado e não renovou a parceria justamente no ano do centenário do clube. O que motivou o término da relação?
RR: Simplesmente, não chegamos a um acordo. Foi uma separação amigável. Nós já tínhamos três anos de parceria, passamos por bons e maus momentos juntos. Em uma conversa de alto nível, decidimos que era a hora de colocar um ponto final nessa história.
ME: O saldo dessa parceria foi positivo?
RR: Sem dúvida. O Atlético contribuiu para um salto de visibilidade da marca da construtora muito importante. A partir de agora, esse salto, com certeza, será proporcionado pelo Vasco, que vai nos dar exposição nacional e internacionalmente.
ME: No total, quanto a empresa investe anualmente em esportes?
RR: Não divulgamos os valores de nenhum investimento.
ME: Além do futebol, quais são as outras modalidades “abraçadas” pelo projeto de patrocínio esportivo da MRV?
RR: Nosso projeto agora é o futebol, mas podem surgir outras oportunidades de patrocínio. Quatro anos atrás, por exemplo, nosso foco era o vôlei. [NR: A construtora patrocinou por nove anos a equipe feminina do Minas Tênis Clube nessa modalidade]
ME: A MRV irá desenvolver um projeto específico para os Jogos Olímpicos de Pequim?
RR: Estamos pensando em algo assim. Não há, porém, nada definido ainda, nem temos previsão de quando e como isso será feito. Recebemos algumas propostas nesse sentido, mas não conseguimos avaliar se o retorno vai ser bom ou não. Queremos saber, exatamente, que tipo de retorno essa competição poderá nos dar.
ME: A MRV tem mais de 28 anos de história e há doze investe no esporte. Qual o balanço desses anos de parcerias esportivas?
RR: Eu avalio essa ligação com o esporte de forma muito positiva. O esporte faz parte da vida das pessoas, é uma alternativa de inserção social e nos aproxima cada vez mais da sociedade. Isso sem contar a visibilidade que ele nos proporciona. No aspecto financeiro, o retorno é muito bom, mas é complicado medir isso em valores. Essa é uma avaliação muito subjetiva.