O segmento de varejo esportivo nunca esteve tão aquecido. Como fazem parte de um dos setores no varejo que mais devem se beneficiar com a realização de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no Brasil, as lojas de esporte passaram a investir em patrocínios.
Numa disputa polarizada entre as duas gigantes do setor, a Centauro, líder absoluta nas lojas físicas, e a Netshoes, maior do mercado virtual, o varejo esportivo teve no último dia 16 de maio a sua mais assombrosa notícia.
Num investimento milionário, a Centauro tornou-se patrocinadora da Copa das Confederações e da Copa do Mundo de 2014. O negócio é emblemático e revela bastante do mercado brasileiro. Pela primeira vez uma empresa de varejo patrocina a Fifa. Com um plano de aportar R$ 100 milhões em cerca de um ano de investimento no patrocínio, o Grupo SBF, dono da rede de lojas, planeja se comunicar como nunca com o torcedor brasileiro.
“É uma oportunidade extraordinária”, repetiu por pelo menos três vezes Sebastião Bomfim Filho, fundador e atual CEO do Grupo SBF, durante conversa por telefone com a reportagem pouco depois de o patrocínio à Fifa ter sido anunciado.
Para o executivo, o aporte ao maior evento de futebol do mundo significa a chance de mudar o conceito que existe de torcer no Brasil. O fair play, ou “jogo limpo”, deve ser a tônica da comunicação da Centauro com o cliente. E é a grande expectativa de legado da Copa que Bomfim espera para o mercado do futebol no Brasil.
Confira a seguir a entrevista com o executivo:
Máquina do Esporte: Como surgiu a ideia de patrocinar a Copa do Mundo?
Sebastião Bomfim Filho: Para nós, fazer parte do núcleo de parceiros dos dois eventos era uma oportunidade extraordinária de nos ligarmos a eles. Era uma forma de participarmos da grande festa do futebol que o Brasil vivenciará.
ME: E como foi o processo de negociação com a Fifa?
SBF: Tivemos muitas dificuldades para conseguir fechar esse patrocínio. Nunca a Fifa havia assinado com uma empresa de varejo antes para ser parceira dela. Então foi um negócio que demorou bastante para que fosse assinado.
ME: Qual o objetivo que a Centauro tem com esse patrocínio?
SBF: Além de obviamente termos um objetivo comercial, afinal nós temos cinco milhões de pessoas que atualmente passam pelas nossas lojas, nós queremos explorar essa alteração que vai haver no futebol do Brasil com a Copa do Mundo. Vai haver uma grande mudança no comportamento das pessoas, elas passarão a ver que o estádio é um lugar em que não vai haver divisão de torcidas. Gostaria de trabalhar essa linha de Fair Play com o torcedor. É algo que temos em nosso cotidiano, somos conhecidos mundialmente por sermos um povo cordial, mas infelizmente isso não acontece dentro do campo atualmente, as pessoas não tratam bem umas às outras.
ME: É uma linha de atuação que a empresa deve ter na comunicação desse patrocínio?
SBF: O futebol vai mudar muito no Brasil. Atualmente olhamos os estádios, a forma como o torcedor é tratado, é triste dizer, mas parece o tratamento que é dado a um animal. E isso vai deixar de ser assim. A gente quer trabalhar nessa linha de Fair Play, de amizade entre as pessoas. É uma mudança que vai haver no país.
ME: Pelo fato de a Centauro ser uma empresa de varejo, o acordo de patrocínio envolve também a parte comercial ou é apenas institucional?
SBF: Ele é institucional. Faremos uma série de ativações já a partir da Copa das Confederações. Temos ingressos para os jogos, então com certeza vamos fazer sorteios para clientes e fornecedores, ações de ativação. Mas como acabamos de assinar o acordo, todo esse processo ainda está em fase de elaboração. Nós vamos investir cem milhões de reais até a Copa do Mundo de 2014.
ME: Esse investimento é já inserido o valor da cota de patrocínio? É o maior aporte já feito no patrocínio esportivo pela Centauro?
SBF: Sim, ele envolve tanto o patrocínio quanto as ativações dele. Sem dúvida esse é de longe o maior investimento já feito pelo Grupo SBF no esporte. É um investimento, não é um gasto.
ME: E é um aporte estratégico para a Centauro dentro do hoje concorrido segmento de varejo esportivo. O fato de a Centauro patrocinar a Copa do Mundo indica uma enorme vantagem que vocês passam a ter sobre a Netshoes, que hoje é sua maior concorrente?
SBF: O patrocínio é uma oportunidade extraordinária para a gente como marca. Até porque ele envolve a Centauro e também a Centauro.com.br. Nós somos a única empresa, nos dois segmentos, tanto de loja física quanto virtual, que pode se associar à Copa do Mundo. Isso é muito importante para nós.
ME: Como será o planejamento dessa ativação de patrocínio? Vocês fazem tudo isso internamente ou contam com a ajuda de uma agência?
SBF: Nós temos a Salles Chemistri [agência de publicidade], que já faz toda a parte de mídia da Centauro. Agora que acabamos de acertar o patrocínio é que vamos fazer o planejamento completo.
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