Francesa Le Coq quer rejuvenescer marca para conquistar mercado brasileiro

A Le Coq Sportif chegou ao Brasil para brigar pelo mercado de lifestyle e artigos esportivos. Entre os maiores desafios, está rejuvenescer uma marca que os mais velhos conhecem bem, afinal vestiu a Argentina de Diego Maradona que foi campeã do mundo em 1986, mas que os jovens não têm certeza de onde vem. A SPR, empresa especializada em produção de vestuário e gestão de lojas para clubes de futebol, licenciou a marca francesa e comanda este retorno.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, a gerente da marca Le Coq Sportif no Brasil, Dô Salies, conta em detalhes quais são os planos para os cinco anos de contrato que a marca tem com a sede francesa para permanecer no Brasil. Fala, inclusive, sobre os planos da filial brasileira de investir em esporte após o segundo semestre deste ano.

Máquina do Esporte: Quando foi assinado o contrato e até quando vai?
Dô Salies: Esse contrato foi fechado há dois anos. Ele ia durar dez anos, mas a gente teve uma renegociação em dezembro do ano passado e ficou com cinco anos e a possibilidade de mais cinco.

Máquina do Esporte: Nesse meio tempo, o que já foi feito?
Dô Salies: A gente abriu a primeira loja no Shopping Morumbi em meados de abril. Para a abertura da loja e para mercado foi desenvolvida uma linha de roupa, calçado e acessórios, roupas com confecção, produção e criação nacionais. Calçado e acessório são internacionais. A gente compra na França, o que não necessariamente quer dizer que foram produzidos na França, e importa para o Brasil.

Máquina do Esporte: Quanto é importado e quanto é nacional? Existe uma meta para se produzir mais no Brasil?
Dô Salies: A confecção é 100% nacional e será 100% nacional, exceto o Tour de France. A coleção Tour de France a gente não tem autorização para fazer no Brasil. Quanto aos calçados, a gente pretende produzir nacionalmente, provavelmente para o ano que vem, ou importar da Argentina. E acessórios eu diria que 80% da coleção vão ser sempre importados, e 20%, nacionais.

Máquina do Esporte: A Le Coq pretende ser uma marca nacional?
Dô Salies: Nós vamos trabalhar o Brasil inteiro. A gente começou por São Paulo, vai atacar as grandes capitais, e depois as cidades menores – entenda-se por cidades menores Campinas, Ribeirão Preto… A gente vai tentar iniciar o trabalho pelo Sul. São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Depois a gente vai para o Nordeste por ser um mercado mais complexo de se trabalhar.

Máquina do Esporte: Por que começar pelo Sul?
Dô Salies: Como a marca está chegando hoje única e exclusivamente como lifestyle, eu dependo de uma distribuição um pouco mais direcionada. E nós da SPR conhecemos melhor o Sul do que o Norte do Brasil. Não que a gente não vá. Para as grandes capitais do Nordeste, a gente vai. Eu estou falando de fora das grandes capitais. A gente nem tem produto para tudo isso. Existe uma limitação de produto para quem a gente quer atingir hoje com o lifestyle. Isso muda um pouco de figura quando a gente entra com o produto de esporte. A gente começa no segundo semestre com uma linha pequena.

Máquina do Esporte: Como o brasileiro vê a Le Coq?
Dô Salies: O público mais velho, de 35 a 45 anos, lembra e sabe o que é a marca. Reconhece e lembra da época do Maradona, do Zico, dos anos 1980, que foi o grande auge da marca na América Latina. Mas não sabe muito bem o que aconteceu entre os anos 1980 para hoje. O público mais jovem, de 20 e poucos anos – que é o público que a gente quer atingir – não sabe o que é essa marca. A gente precisa contar para eles quem é essa marca. Eles reconhecem o logo, mas não identificam o logo com a marca Le Coq. Nosso grande desafio é explicar para esse público mais jovem o que é a marca e o que a gente vende. Claro que a gente vai atingir o público dos 20 aos 45 anos de idade. Mas cada vez mais a gente quer trazer esse novo público jovem, que até utiliza muito mais o produto do que o velho.

Máquina do Esporte: Como vocês pretendem ativar a marca no Brasil?
Dô Salies: O nosso grande meio de comunicação com o público são as redes sociais. Pelo Facebook serão criadas ações e intervenções pela marca. E, obviamente, estar presente nos lugares onde eles estão. No futuro, não sei exatamente quando, vamos estar em festivais de música, algumas casas noturnas, coisas que eventualmente a gente possa trabalhar. Além disso, estar no esporte, que é o que a gente vai fazer a partir do segundo semestre. Esse ano a gente já começa com uma ação para o Tour de France que acontece em junho.

Máquina do Esporte: Quanto pontos de venda vocês planejam ter?
Dô Salies: A gente abriu venda agora. Temos a loja no Shopping Morumbi desde abril. E agora é que a gente vai para o mercado. A nossa projeção para esse ano é fechar com pelo menos 60 pontos de venda que são multimarcas, de moda masculina e feminina.

Máquina do Esporte: O foco no lifestyle vem da França?
Dô Salies: A gente segue tudo o que a França faz. Eu não posso criar e desenvolver nada da minha cabeça aqui. Eu tenho que ter toda a aprovação, e toda a linha de raciocínio e o posicionamento vêm deles. A gente só tropicaliza isso para o Brasil.

Máquina do Esporte: Vocês pretendem focar no esporte?
Dô Salies: No segundo semestre a gente passa a ter uma pequena coleção. Mais ou menos 30% da nossa coleção hoje serão de produtos que podem ser utilizados para a prática de esporte. Entenda-se como tecidos de poliéster, lycra. Não que a gente vá ter alta tecnologia, mas que possa ser utilizado na prática de esportes. Isso começa no segundo semestre e deve se manter para sempre. Não que isso vá crescer. Mas cada vez mais a Le Coq vai entrar no esportivo. Tanto que lá fora eles já começaram a trabalhar no que eles chamaram de “Back to Sport”. A raíz da Le Coq, a essência da Le Coq, é esportiva, então você vai ter isso mais nos dias de hoje. Na França eles já fazem isso com a coleção do Tour de France. E aí, sim, a gente está falando de alta tecnologia.

Máquina do Esporte: Vocês pretendem investir no futebol em breve?
Dô Salies: Não. Hoje, não é esse o objetivo. Mas, sim, estar presente no esporte. Se a Le Coq Sportif Brasil vai patrocinar algum time de futebol, eu não tenho como te dizer isso hoje.

Máquina do Esporte: Em quanto tempo vocês esperam começar a obter lucro?
Dô Salies: Em pelo menos dois anos. Entre você assinar o contrato e realmente ter
algum retorno disso, é no mínimo dois anos.

Máquina do Esporte: Como está o mercado de lifestyle no Brasil?
Dô Salies: A gente acredita que tenha espaço. Por ser um marca “não americana”. A gente tem uma influência dos Estados Unidos muito forte no Brasil, e essa é uma marca que não está hoje nos Estados Unidos. Então não é um produto que o brasileiro viaja para lá e consegue achar. E essa é uma maneira de a gente ser um pouco diferente de todo o resto. E se você falar de lifestyle em si, cada vez mais é o dia a dia de todo mundo. O cara de terno e gravata não existe mais, a mulher toda formal também não tem mais, e a gente passou a ter uma classe em ascensão que inclui os jovens, os universitários, que passaram a ter poder de compra.

Máquina do Esporte: A marca Le Coq é mais glamourosa que as outras?
Dô Salies: Ela é uma marca francesa. E quando a gente fala de francês, por princípio a gente está falando de história, cultura, moda, estilo, acabamento de material, qualidade. E é esse DNA que a gente traz para qualquer coisa que for feita. Esse DNA francês e de qualidade vem obrigatoriamente em tudo o que a gente vai ter. Tem que ser um pouco diferente de todo mundo para usar Le Coq.

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