Perto do fim de semana do Grande Prêmio de Las Vegas, que será realizado no próximo domingo (19), Emily Prazer, diretora comercial do evento, compartilhou detalhes sobre o desafio por trás da organização do circuito.
Esta será a primeira vez que a Fórmula 1 promove um Grande Prêmio por conta própria, em vez de depender de uma terceira parte local para organizar o GP. O modelo de negócios do esporte sempre se baseou em taxas de hospedagem de corridas, mas a promoção do GP de Las Vegas ocorre por meio da Liberty Dice e da Live Nation. Ambas as empresas são subsidiárias da Liberty Media, proprietária da Fórmula 1.
“Estivemos tentando sobreviver e preparar a corrida a tempo. Tem sido muito difícil”, admitiu Emily.
“Não acho que tenha um único [obstáculo] que se destaque. Houve centenas. Então, é difícil pensar em um que foi tratado corretamente ou que estejamos orgulhosos”, revelou a executiva, em entrevista ao portal britânico BlackBook Motorsport, especializado em esportes a motor.
A Fórmula 1 retorna às ruas de Las Vegas pela primeira vez em 41 anos. De acordo com Emily, o Grande Prêmio “exigiu um esforço como nenhum outro na história do esporte apenas para tornar o evento uma realidade”.
À primeira vista, os desafios logísticos de realizar uma corrida de Fórmula 1 na chamada “capital do entretenimento do mundo” são óbvios, e Emily descreveu o processo de organização como “complicado”.
“Não são muitas as empresas que poderiam ter comprado um terreno da maneira que fizemos e em tão pouco tempo ter o capital para construir aqui”, disse a diretora.
Detalhes financeiros
O acordo de US$ 240 milhões, finalizado no 2º trimestre de 2022, viu a Fórmula 1 adquirir um terreno de cerca de 18 hectares para construir as instalações de boxes e paddock para a corrida.
“Esperamos que os gastos de capital relacionados à corrida de Vegas cheguem perto de US$ 400 milhões, dos quais aproximadamente US$ 155 milhões foram incorridos no 1º semestre do ano”, destacou Brian Wendling, diretor financeiro da Liberty Media.
O executivo também revelou, em uma teleconferência de resultados do 3º trimestre da Liberty, que a empresa gastou aproximadamente US$ 280 milhões até agora neste ano com gastos de capital relacionados à preparação da pista e dos boxes para o GP de Las Vegas.
Somando-se ao que foi gasto no local da corrida, isso significa que os custos ultrapassaram US$ 500 milhões apenas em gastos de capital. Esse valor não inclui custos significativos em planejamento de tráfego e segurança, por exemplo, e há, ainda, vários investimentos pontuais necessários para que o evento de Vegas exista.
Nesse sentido, Emily Prazer revelou que os custos “são muito maiores do que o previsto”, sugerindo que as despesas além dos gastos de capital podem ter ultrapassado a marca de US$ 500 milhões meses atrás.
“É um evento de primeiro ano. Você está em Las Vegas. Então, tudo vem com um pouco de impacto”, declarou.
“Não se trata especificamente de não entender os custos do evento. Estamos construindo uma pista de corrida em uma cidade viva, em uma das estradas mais movimentadas da América do Norte. É necessário ir além em certos aspectos”, justificou.
“O show deve continuar“
Após grandes gastos financeiros para a organização, o GP de Las Vegas contou com uma cerimônia de abertura com os 20 pilotos e performances de música ao vivo.
Além disso, a Netflix sediou no local seu primeiro evento esportivo ao vivo na última terça-feira (14), dias antes da corrida, quando nomes como Lando Norris, da McLaren, e Carlos Sainz, da Ferrari, enfrentaram profissionais em um torneio de golfe de celebridades, sendo um “crossover” entre as estrelas das séries Drive to Survive e Full Swing.
Tudo isso contribui para a sensação de que o Grande Prêmio de Las Vegas não será apenas mais uma corrida, mas sim um megaevento do qual uma corrida de F1 é apenas uma pequena parte.