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Após “pesadelo” policial, Roni projeta faturar até R$ 32 milhões com negócios em 2025

Ex-jogador chegou a ser preso em 2019, teve inquérito arquivado, e hoje empreende na área de tecnologia esportiva

Roni durante visita à Confut Sudamericana, na semana passada, onde realizou encontros de negócios - Divulgação

Roni durante visita à Confut Sudamericana, na semana passada, onde realizou encontros de negócios - Divulgação

O ex-atacante Roni, ídolo do Fluminense, projeta faturar até R$ 32 milhões com seus negócios em 2025. A boa fase nos negócios se soma ao arquivamento de um inquérito do Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) que investigava suposta fraude financeira em compra de mandos de campo.

Segundo investigação da Polícia Civil em 2019, a empresa de Roni estaria informando arrecadação menor do que a obtida em jogos de futebol com compra de mando de campo para pagar menos impostos e aluguel de estádios.

Naquele ano, o ex-jogador chegou a ser preso na Operação Episkiros, no meio de um jogo entre Botafogo e Palmeiras, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, pelo Campeonato Brasileiro.

Foi solto no dia seguinte, após prestar depoimento. No entanto, o inquérito se arrastou por anos. Ficou paralisado na época da pandemia e só chegou recentemente a um final.

“Esse pesadelo acabou nestes ano, tem uns três meses”, conta Roni, em entrevista à Máquina do Esporte.

Roni relata ter tido um prejuízo milionário nos negócios devido à crise de imagem sobre ele e suas empresas após a operação policial. “Acredito ter perdido uns R$ 20 milhões em cinco anos”, contabiliza.

Negócios

Situação oposta vive agora. Ex-jogador com passagem também por São Paulo, Santos, Cruzeiro e Atlético-MG, Roni é sócio da Ingresso S/A e da Meu Bilhete.

A Ingresso S/A é uma empresa especializada em tecnologia para gestão de ingressos e programas de sócio-torcedor. Também atua na área de compra de mando de jogos, algo que se tornou bastante comum no Campeonato Brasileiro.

Já a Meu Bilhete é voltada para venda de entradas em eventos de entretenimento, como festas, shows, feiras e teatro.

Juntas, as duas empresas já faturaram R$ 18 milhões até junho, mesmo valor obtido em todo o ano de 2024. A expectativa do agora empresário é encerrar 2025 com receita entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões. “Estamos com previsão bem bacana para este ano”, comemora.

Roni também é proprietário da Golden, empresa de agenciamento de atletas, com previsão de faturamento de cerca de R$ 2 milhões neste ano.

É agente de jogadores como o goleiro Lucas Arcanjo (Vitória) e o meia-atacante Adson (Vasco). Com estrutura enxuta, o agente restringe o número de jogadores com quem trabalha.

“Sempre fico nessa média entre 15 e 20 atletas. Não gosto de ter muitos jogadores porque não vou conseguir dar a atenção que cada um precisa”, conta.

Roni e Magno Alves, dupla que marcou época no Fluminense - Divulgação
Roni e Magno Alves, em encontro recente: dupla marcou época no Fluminense – Divulgação

Atuação

Durante a carreira, Roni chegou a defender a seleção brasileira, passou por clubes de Arábia Saudita, Rússia e Japão e fez dupla memorável no ataque do Fluminense com Magno Alves, amigo até os dias de hoje. Deixou os gramados em 2012 e passou por um cargo executivo no Vila Nova antes de iniciar sua trajetória como empreendedor no mundo do futebol.

Com a Ingresso S/A, conta que já realizou a compra de mando de mais de 150 partidas, com atuação concentrada nas regiões Norte e Nordeste, normalmente com pouca opção de jogos da elite do futebol brasileiro, além de cidades como Brasília, Londrina e Cuiabá.

“Para você ter uma ideia, no mesmo ano [da prisão], fiz um Vasco x Flamengo em Brasília, pelo Brasileirão. Os clubes confiavam em mim. Ninguém deixou de trabalhar comigo”, acredita.

Em 2025, já organizou quatro jogos do Flamengo no Nordeste durante a disputa do Campeonato Carioca: dois em São Luís (MA), um em Campina Grande (PB) e outro em Aracaju (SE).

No Brasileirão, viabilizou a realização de Cruzeiro x Vasco em Uberlândia, após negociações com Pedro Lourenço, dono da SAF do Cruzeiro, e Alexandre Mattos, então executivo de futebol do clube.

“Atualmente o mercado está um pouquinho mais complicado. Apareceram alguns concorrentes oferecendo valores meio fora da curva. Está tudo bem inflacionado”, lamenta.

Experiência

Roni atribui parte de seu sucesso fora de campo, como empreendedor, ao período em que esteve dentro dos gramados. Para ele, essa vivência foi parte importante para o trabalho como agente de atletas.

“Tenho certeza de que a experiência como jogador foi fundamental. Por estar nesse ecossistema do futebol desde garoto, sei o que o atleta está passando, os momentos difíceis. Tudo o que eles vão passar, eu já passei. Então, a gente consegue minimizar muita coisa”, afirma.

Esse conhecimento do mundo da bola também ajudou na gestão da Ingresso S/A. A empresa atua com tecnologia de reconhecimento facial para entrada em eventos. Atualmente, também gere programas de sócio-torcedor de clubes como Vitória, Mirassol, Vila Nova, Atlético-GO, Remo, Guarani, Botafogo-PB e Treze-PB.

“Em relação à compra de mando, reconhecimento facial e [gestão de programas de] sócio-torcedor, sei lidar com os presidentes porque sempre lidei com dirigentes dos clubes em que joguei. Sei conversar com eles”, aponta.

“Imagino que 100% dessa capacidade que tenho hoje de fazer essa parte comercial e gestão das empresas vem do período em que fui jogador profissional”, reconhece.

Neymar pai e Roni, durante encontro na Confut Sudamericana, em São Paulo - Divulgação
Com Neymar pai: amizade com a família vem da época de Santos – Divulgação

Relações

Durante sua breve passagem pelo Santos, Roni ficou marcado por ter dado a assistência para o primeiro gol de Neymar como profissional, em jogo do Campeonato Paulista.

“Quando o Neymar voltou da Copa São Paulo de 2009, estava no Santos. Ele começou a entrar nos jogos e teve uma partida contra o Mogi Mirim, no Pacaembu, em que fiz um cruzamento da esquerda e ele fez o gol de cabeça”, rememora.

“Foi um gol que entrou para a história. Foi o primeiro gol do Neymar. A gente tem uma boa relação até hoje”, conta

Recentemente, Roni esteve no Instituto Neymar, em Santos, e decidiu fazer uma doação de equipamentos para o projeto social mantido pelo jogador do time da Vila Belmiro.

“Uns três meses atrás fui visitar o Neymar [pai] no instituto. Vi que tinham umas catracas sem tecnologia avançada. Fiz questão de doar catracas profissionais, todas com reconhecimento facial para eles. Fiquei bem feliz em relação a isso”, conta.